A Mata Nacional do Buçaco é uma das matas mais ricas de Portugal e da Europa, em termos de património natural, contando com mais de 250 espécies de árvores e arbustos, sendo que várias dezenas de exemplares arbóreos centenários, classificados, pela equipa da bióloga Rosa Pinho, da Universidade de Aveiro, como “notáveis”, devido ao seu porte, idade, raridade a nível nacional, importância histórica e/ou singularidade, poderão vir a ser considerados “árvores de interesse público”.
A espécie emblemática da Mata, o cedro-do-Buçaco (Cupressus lusitanica), conta com um número elevado de exemplares, muitos deles plantados pelos Carmelitas Descalços, que viveram na Mata desde 1628 até 1834.
De grande importância ainda, é a Mata Climácica da Cruz Alta, situada no extremo Sudoeste da MNB, sendo uma formação vegetal clímax, de plantas autóctones, que segundo alguns autores, conserva as características típicas da floresta primitiva que existia nesta região, antes da ocupação humana, sublinha a bióloga Rosa Pinho.
Na Mata Climácica, merece destaque uma formação única na Europa, os adernais, constituídos por adernos (Phillyrea latifolia) de porte arbóreo, alguns notáveis, cuja idade é difícil de estimar.
No que respeita à fauna, estão inventariadas na mata, até ao momento, mais de 150 espécies de vertebrados, entre os quais se destacam numerosos endemismos ibéricos e/ou espécies protegidas, como a salamandra lusitânica (Chioglossa lusitanica), o lagarto de água (Lacerta schreberi) ou o morcego-rato-grande (Myotis myotis).
A bióloga Milene Matos refere que a Mata representa “um verdadeiro oásis de biodiversidade” numa região maioritariamente ocupada por monoculturas de pinheiro-bravo e eucalipto”.
A Fundação Mata do Buçaco assinalou o Dia Internacional da Biodiversidade, no último sábado (22 de Maio), com uma conferência sobre a fauna e flora da Mata Nacional dop Buçaco.
Conferencistas convidadas, as duas biólogas da Universidade de Aveiro, Rosa Pinho e Milene Matos, que integram a equipa que se encontra a trabalhar desde 2004 na Mata, com vista à sua requalificação e valorização, conduziram, da parte tarde, uma visita guiada, à descoberta da fauna e da flora.
A conferência trouxe a público uma vertente da Mata Nacional do Buçaco – o seu património natural, muitas vezes ignorado, face aos aspectos religioso, histórico e monumental, mais frequentemente lembrados.
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