A Associação de Empresas de Estiva do Porto de Aveiro diz que o futuro do setor comercial está em causa e que “aquele que há poucos anos era apontado como um dos mais promissores portos nacionais” está a “definhar de uma forma quiçá irreversível, sem que as entidades oficiais directamente responsáveis algo façam para inverter esta situação”. É a reacção à greve parcial de Dezembro e ao anúncio de uma greve geral na próxima semana no porto de Aveiro e nos portos nacionais.
Aquela estrutura que mantém um diferendo com o sindicato dos trabalhadores do Porto de Aveiro e que tem em curso a insolvência da Empresa de Trabalho Portuário lembra que no porto de Aveiro há “uma diminuição progressiva de movimentação de carga sólida com a consequente e igual quebra na colocação da mão-de-obra portuária” e que, “entre 2006 e 2011, as toneladas movimentadas desceram de 2.815.000 para 2.300.000, uma quebra de quase 20%, levando inclusive a que uma das empresas de estiva que operava no porto cessasse a sua actividade na sequência de um processo de insolvência”.
Em comunicado, a Associação das Empresas de Estiva revela que “a ETP de Aveiro apresenta um insustentável rácio de produtividade tonelada/homem de apenas 33, contra 83 em Leixões, ou 85 na Figueira da Foz, representando cada trabalhador um custo médio mês de cerca de 2500 euros”.
Essas preocupações terão sido realçadas por estudo económico solicitado à consultora Price Waterhouse Coopers que “reconheceu a necessidade de alterações estruturais significativas por forma a reverter a situação” mas que o sindicato não aceitou uma vez que implicava a saída de 18 trabalhadores para dar um futuro à ETP.
Diz que a greve de Dezembro veio agravar esta situação e que Assembleias e Plenários dificultam ainda mais a operação das empresas exportadoras “que representam mais de 20% da movimentação de cargas no porto de Aveiro”.
Na resposta a um dos pontos mais criticados pelo Sindicato dos Trabalhadores do Porto de Aveiro, a Associação desmente o uso “indevido de mão-de-obra não portuária” invocada pelo sindicato.
Termina este comunicado com uma acusação ao sindicato dizendo que prova “total inaptidão para a leitura dos tempos e visão de futuro, levando a que o novo ano no porto de Aveiro se iniciasse sem quaisquer navios ao cais e sem anúncios de operações”.
Ao jeito de resposta ao aviso de greve na próxima semana, a associação de Empresas de Estive diz que não terá efeito “dado que os utilizadores do porto não se apresentam mais dispostos a tolerar estas atitudes que apenas visam o perpetuar de direitos e o bem de poucos, mas em prejuízo e manifesta falta de solidariedade com as largas centenas de outros postos de trabalho que dependem igualmente do porto de Aveiro”. Diário de Aveiro |