CONCURSO DE PIANO REALÇA A VIDA E ARTE DE FLORINDA SANTOS

A Academia de Música (AM) de S. João da Madeira vai levar a efeito, entre 18 e 22 de Maio, a 11ª edição do “Concurso de Piano Florinda Santos”. A professora Nelly Santos Leite, responsável pela organização, salienta que foi com naturalidade que o certame recebeu o nome da pianista natural de Lisboa, mas cidadã do mundo (ver caixa).
O Concurso está aberto a estudantes de todas as nacionalidades, incluindo os que frequentam cursos superiores de piano. Decorrerá no auditório dos Paços da Cultura e terá cinco “categorias”, avaliando o progresso dos candidatos a pianistas, cujas faixas etárias variarão da mais tenra idade oito aos 22 anos.
“Ele dedicou-se muito à AM”, recorda a docente, evocando a memória da amiga, mestra e companheira de trabalho, que em S. João da Madeira – onde viveu na Mourisca – “levou a efeito muitos master classes, cursos e concertos”.
Amante das tertúlias – da discussão e ensino de tudo o que tivesse a ver com a música -, Florinda Santos acolheu muitos jovens em sua casa, em sessões de formação e convívio. E ainda legou à Academia “imensas partituras e o seu piano de estudo”.
Refira-se que anteriormente tinha morado em Santa Maria da Feira, onde “difundiu a música de uma forma muito interessante”, organizando concertos no Castelo e na Igreja-Matriz.
Em 1997, a Academia de Música fez questão de a homenagear, “com a apresentação do seu 1º CD” e, em 2007, foi novamente celebrada, desta feita a título póstumo, para assinalar o centenário do seu nascimento. Dessa feita, a evocação incluiu um concerto na Igreja de S. João da Madeira.
Nelly Santos Leite destaca a vitalidade da pianista, que nos 80 adiantados e já na nona década de vida ainda fazia gravações. E, do que ela deixou em registo áudio, assinala, nomeadamente, “três gravações – não editadas”, que apresentam “as Suites Francesas e Invenções a Duas Vozes de Bach”.
“Seria interessante que, em 2015, estas relíquias fossem editadas”, vinca, numa óptica de se assinalar o 10º ano do falecimento.
Certa de que a sua amiga “é mais conhecida nos países onde actuou do que em Portugal”, devido a ter sido esposa de um diplomata, a professora não separa a pianista da pessoa, descrevendo-a como uma “criativa constante” e “um baú de cultura a todos os níveis”.
Era uma personalidade que nutria um natural “interesse por tudo o que ia pelo mundo” e cujo leque de predicados ainda incluía valores como “a generosidade, a humildade e o sentido de justiça”. Além de um bem desenvolvido sentido de humor.


Diário de Aveiro


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