DEFESA DESVALORIZA PRENDAS NO FACE OCULTA.

A defesa de arguidos do processo Face Oculta desvalorizou as prendas de Manuel Godinho por altura de Natal para os crimes de corrupção, entre outros,que estão a ser julgados em Aveiro. O empresário de Ovar incluía nas listas, em lugar de destaque, presidentes de empresas públicas, mas também alguns nomes importantes da política. As devoluções foram raras.

Namércio Cunha, ex-diretor-geral da O2, que tinha a seu cargo a organização da famosa lista de prendas, que era distribuída pelo Natal por Manuel Godinho, não soube explicar, no tribunal de Aveiro, os motivos da inclusão de personalidades como José Sócrates, Jorge Coelho ou Mário Lino.

Nomes apontados pelo advogado João Folque, que representa o ex-quadro da REFER Carlos Vasconcelos. As devoluções eram escassas. Um dos casos terá sido ex-secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino.

O advogado Rui Patrício, que defende José Penedos, ex-presidente da REN, que também foi obsequiado por prendas, quis saber Manuel Godinho pretendia um “agradecimento por algo” que os destinatários “não deviam ter feito”.

Namércio Cunha desconhecia más intenções, não comprometendo os destinatários. “Pensem se o presidente de uma empresa se deixa corromper por uma caneta de 300 euros ou por um centro de mesa. Mal ou bem é um costume de há anos dar prendas no Natal”, disse no final da sessão Rui Patrício, advogado do ex-presidente da REN.

O procurador João Marques Vidal identificou várias categorias de prendas, que seria fixadas “de acordo com utilidade e a importância” dos destinatários.

Manuel Godinho chegou a gastar cerca de 80 mil euros por ano, valor depois reduzido até metade, distribuídas por cerca de mil pessoas, incluindo colaboradores das empresas.


Diário de Aveiro


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