O Tribunal de Aveiro começou ontem a ouvir as testemunhas do processo relativo ao caso em que é arguido Mário Soares, enquanto presidente do Centro de Alcoólicos Recuperados do Distrito de Aveiro (CARDA), acusado de peculato, sendo que a defesa verificou algumas contradições em aspectos fundamentais do processo. Concretamente quanto à distribuição de uma “grande quantidade de dinheiro”, proveniente de uma instituição, por pessoas que, alegadamente, tinham adiantado verbas à associação, como referiu uma testemunha da acusação questionada pela procuradora do Ministério Público.
Outra questão do processo que assumiu ontem relevância no julgamento deste caso diz respeito ao pagamento da reparação de uma viatura, propriedade da filha de Mário Soares, com dinheiro do CARDA, segundo especificou a mesma testemunha, ex-secretário da direcção, um agente da PSP aposentado. A testemunha fez referência a uma factura e a um cheque que fotocopiou, respeitante a despesas da reparação daquela viatura particular e um cheque do CARDA para o respectivo pagamento. Aliás foi quando viu esses documentos, entre ouras “coisas que não se adequavam“ com a sua “forma de ser”, que decidiu demitir-se do cargo de secretário da direcção. Mas o advogado de defesa de Mário Soares questionou a testemunha se sabia desde quando é que o CARDA passou a dispor de uma viatura própria para as deslocações de serviço. A testemunha não soube responder o que levou o advogado a questionar se sabia “como eram transportadas os doentes quando não havia carrinha”, pressupondo, assim, que seria em viaturas particulares, justificando assim a necessidade de manutenção.
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