O Diário de Aveiro assinala hoje 28 anos. Um dia importante para todos os que, diariamente, fazem o seu melhor para justificar a confiança que ao longo dos tempos os leitores e anunciantes foram depositando no seu trabalho. Uma missão que prometemos continuar com o profissionalismo, credibilidade e seriedade que procurámos manter nestes 28 anos. O jornal foi fundado pelo meu Pai, Adriano Mário da Cunha Lucas (1925-2011), que hoje aqui recordamos com muita saudade. Também fundou o Diário de Leiria e o Diário de Viseu e liderou o Diário de Coimbra, desde 1950, durante sessenta anos.
Graças à sua iniciativa, Aveiro passou a ter, pela primeira vez, um jornal diário próprio que todos os dias informa e pugna pela valorização de Aveiro e das Beiras, pelos legítimos interesses e anseios das suas gentes, à semelhança do que acontece em muitas outras cidades europeias com a dimensão de Aveiro. Infelizmente, em Portugal continental, para além de Lisboa e do Porto, apenas seis cidades têm jornais diários próprios - Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Leiria e Viseu - o que denota o fraco desenvolvimento económico, social e cultural e os reduzidos hábitos de leitura que ainda persistem entre nós.
Hoje, dia de aniversário, recordamos também todos aqueles que no passado ajudaram a fazer do Diário de Aveiro e dos diários que lhe estão associados (Diário de Coimbra, Diário de Leiria e Diário de Viseu) o que são hoje: - jornais independentes ao serviço da Região e dos seus leitores. É também ocasião para reafirmarmos os princípios que nos orientam e que constam do nosso Estatuto Editorial: - desde há 28 anos, o Diário de Aveiro tem-se afirmado como um jornal informativo, republicano e liberal, defensor da Liberdade de Imprensa, das liberdades individuais, da livre iniciativa privada, da sã economia de mercado, do combate a quaisquer ideologias colectivistas, totalitárias, fascistas, comunistas ou outras, que alienam e escravizam os seres humanos, bem como à burocracia e ao centralismo do Estado, às práticas monopolistas e a todos os abusos de poder. O Diário de Aveiro defende a regionalização e a descentralização do País, a criação da Região das Beiras, para que cada comunidade local ou regional possa decidir sobre o que mais directamente lhe diz respeito, bem como a plena integração europeia, numa Europa federada, numa Europa das Regiões e dos Cidadãos.
Continuaremos na mesma linha por estarmos convencidos que é a que melhor responde às nossas aspirações como beirões, portugueses e europeus que somos.
Neste último ano, o Diário de Aveiro operou uma importante modernização gráfica para melhorar a legibilidade do jornal. Apraz-nos registar que foi muito bem acolhida pelos leitores e que o número de assinantes aumentou. Apesar das dificuldades que assolam o País o jornal manteve e reforçou o equilíbrio financeiro indispensável à sua independência.
A época que hoje vivemos em Portugal é muito dura e os sacrifícios que ainda nos esperam são grandes, mas não podemos esquecer como aqui chegámos para não reincidirmos nos mesmos erros do passado, que foram particularmente graves durante os anteriores governos: - o constante adiamento das reformas estruturais de que o País há muito carece; o endividamento excessivo e irresponsável; a cedência aos corporativismos e ao clientelismo partidário; a promiscuidade entre importantes sectores políticos e financeiros da nossa sociedade; as políticas e os incentivos económicos errados que ajudaram a destruir parte do nosso tecido produtivo e que dificultaram os investimentos destinados à produção de bens transaccionáveis, para exportação, que são essenciais ao desenvolvimento sustentável do país.
Muitas reformas têm ainda de ser feitas, como por exemplo na justiça, para que se torne rápida e eficaz; na administração do Estado, para que o exageradíssimo peso do funcionalismo público, da burocracia, dos consumos e privilégios desse mesmo Estado e dos monopólios por ele protegidos (como a EDP e outros), que asfixiam os cidadãos e as empresas, sejam drasticamente reduzidos; mas também na organização e no financiamento dos partidos e na forma como os políticos são eleitos, para que sejam mais directa e individualmente responsáveis perante quem os elege.
Esperamos que os nossos políticos e governantes, com o apoio da Troika, tenham a lucidez e a coragem de prosseguir as reformas liberais de que Portugal precisa, para que as empresas se possam desenvolver e criar emprego e para que o País possa de novo crescer e prosperar. Esperamos também que os políticos europeus se libertem dos nacionalismos egoístas e tenham a capacidade de unir esforços e de tomar as medidas necessárias para se ultrapassar rapidamente a actual fase de estagnação, recessão e desilusão que se vive no espaço europeu; para que a moeda única subsista; para que a coesão europeia se mantenha e se reforce, condição essencial para a paz e o progresso na Europa. Que este período difícil que a Europa está a atravessar abra o caminho à sua mais rápida e plena integração económica e política numa verdadeira Federação Europeia, que proporcione melhores oportunidades e condições de vida aos seus cidadãos e que, como grande espaço democrático, à semelhança dos Estados Unidos da América, possa ter um papel relevante no mundo.
O Diário de Aveiro continuará a pugnar por estes princípios e aqui estará para honrar a sua memória. Mantendo grande proximidade com os leitores e anunciantes, todos os dias procuraremos fazer mais e melhor para continuarmos a merecer a confiança dos que nos acompanham nesta longa mas muito gratificante missão.
A todos o nosso Bem-haja.
Adriano Callé Lucas
(Director)
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