A VIAGEM SEM REGRESSO DE UM RETORNADO… QUE NUNCA O QUIS SER

Falar do 25 de Abril é falar de vidas mudadas abruptamente. Das mais variadas formas. Passámos umas horas com João Capela e escutámos ecos das suas memórias. Uma vida revisitada nas pontas dos dedos. No folhear de recordações ainda bem vivas. Dolorosas, quanto baste. Mas saradas pela impossibilidade de reverter o passado.
João Capela é natural de Esgueira. Isso é, pelo menos, aquilo que diz o seu bilhete de identidade. Se fosse o coração a mandar, contudo, a naturalidade seria outra. “A minha terra era Lobito. Ponto final. Parágrafo. Os meus quatro filhos nasceram lá, tinha lá tudo. Portugal era só para passar férias”, assegura a determinada altura. Ao longo da conversa, inúmeras referências a um “nós”, os angolanos. E essa ideia é a que perdura.
Mas voltemos um pouco atrás. Ao início do que se viria a transformar num amor incondicional, mas interrompido pelos estilhaços de uma revolução que se fez sem armas apenas em Portugal. Uma revolução que mudou a vida de milhares de antigos colonos.


Diário de Aveiro


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