ESPECIALISTAS NA 'PROTEÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS' ESTIVERAM REUNIDOS NA GAFANHA DA NAZARÉ.

Na resposta a um patriarca de uma comunidade cigana sediada na Gafanha da Nazaré que reclamava mais apoio social da comunidade local e das forças politicas locais e governamentais para os ciganos, sublinhando que seria importante "trazer aqui ao acampamento uma carrinha para levar os meninos à escola. Chegavam, buzinavam 'pi-pi', eu levantava-me da cama e dizia: Levantem-se seus malandros, vão para a escola e eles iam e deixavam de apanhar doenças e outras coisas por irem para a escola à chuva", uma responsável nacional da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, disse que estava perante declarações graves. "Temos aqui um patriarca cómico que 'exporta' os problemas para a escola, comunidade e as suas próprias crianças, que na sua opinião são malandras. Ele tem um discurso de desresponsabilização muito perigoso e grave".

Neste contexto a jovem Tatiana, uma jovem cigana, denunciou que neste tipo de comunidades "as meninas não são encaradas como os rapazes".

"Não dêem importância ao que esse senhor disse, porque ele é preguiçoso", disse, arrancado gargalhadas na sala. "Para conhecerem a minha comunidade teriam de passar lá uma semana. Esse senhor é preguiçoso a exemplo dos outros homens que não querem ter muito trabalho e recusam-se a levar os filhos à escola, principalmente as raparigas. Tive uma infância muito complicada. Ser-se cigana não é nada fácil. Temos de ultrapassar barreiras a que ninguém se sujeita. Eles querem levar os rapazes à escola mas tem uma visão diferente para as raparigas, não querem que elas vão à escola. É muito difícil", disse, provocando uma forte emoção nos participantes da conferência que a aplaudiram prolongadamente.

Armando Leandro, Presidente da Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco, que encerrou a sessão, falou da importância da educação e formação dos jovens. "A educação é vital para o nosso futuro. É um direito fundamental. Quem não tem educação é pobre", referiu, adiantando ser importante para Portugal essa aposta. "Se até 2020 os valores da iliteracia não descerem para 10 por cento, estamos mal". O encontro das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens em risco, reuniu hoje dezenas de especialistas nesta área no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré.


Diário de Aveiro


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