As cantinas sociais de Aveiro têm registado um aumento da procura nos últimos meses, contrariando os números nacionais divulgados no mês passado pelo Instituto da Segurança Social (ISS). Essa realidade encontra-se espelhada junto às instituições que têm esta valência social. Porém, os contornos da mesma dizem pouco sobre o seu conteúdo. Quem são, afinal, as pessoas servidas por este apoio? Por que razão estão ali? Quais os seus sentimentos? Foi disso que o Diário de Aveiro foi procurar junto do Centro Comunitário da Vera-Cruz (CCVC). É uma parte dessa realidade que vamos tentar transmitir.
Isménia Franco, presidente da direcção do CCVC, assume que este apoio é mais procurado por actuais e antigos toxicodependentes e pessoas desempregadas, mas garante haver “gente de todas as classes sociais na fila para receber uma refeição”. “Temos aqui licenciados que estão desempregados, ex-bancários e até estudantes universitários”, nota, recordando, o caso de “um professor que não foi colocado e que também nos procurou”, tendo, entretanto sido colocado fora de Aveiro e deixado de entrar nestas contas.
Na fila não se vê gente a esconder o rosto. Há quem prefira não ser fotografado, mas também não se chateia muito em afastar-se. Há cumplicidade entre as pessoas. E a necessidade é declarada. O ambiente é bem diferente do que se poderia pensar: brinca-se, contam-se piadas. Tudo enquanto se tem a certeza de que vai haver comida no prato para as próximas refeições. Isso é suficiente.
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