Miguel Viegas, deputado no Parlamento Europeu, defende que a “economia azul” é uma realidade com potencial mas terá sempre o futuro condicionado pelo fim das políticas de austeridade. No rescaldo de visitas a comunidades piscatórias da Costa Nova, Gafanha da Encarnação e Esmoriz, de contactos com produtores de sal e administração do Porto de Aveiro, o eurodeputado assegurou que o realismo deve levar a UE e os Governos a darem liquidez às famílias.
A ação está integrada na preparação de um relatório de iniciativa sobre a economia do mar.
“A proposta vais mostrar potencialidades e apontar linhas orientadoras. No que tem sido tónica geral do PCP não vamos alimentar ilusões. Podemos ter as melhores empresas, as melhores infraestruturas, podemos ter capacidade produtiva mas se não há capacidade aquisitiva junto dos consumidores não há estratégia que resista”.
Miguel Viegas assume que o espaço de inovação está criado mesmo a partir de um setor tradicional que pode continuar a garantir empregos. “Como o PCP tem defendido, não há saída da crise sem aumentar a produção e o emprego. Neste sentido, é importante confrontar as bonitas palavras do governo sobre a importância do mar com a realidade no terreno, onde os agentes económicos se batem todos os dias contra as inúmeras dificuldades que resultam da ausência de verdadeiras políticas de apoio à produção. Os produtores de ostras e os pescadores sentem-se perseguidos, quando apenas pretendem viver da sua atividade”.
No caso dos mariscadores o eurodeputado constatou o que diz ser um sistema cheio de “barreiras administrativas”. No caso da pesca, notou a falta de resposta em questões como os apoios ao combustível, a potência dos motores, ou a possibilidade de vender o primeiro lance em qualquer circunstância. O dia terminou no Porto de Aveiro em reunião com a Administração. Sem deixar de valorizar os investimentos realizados ao longo dos últimos anos, o deputado do PCP manifestou reservas “pela grande presença de operadores privados a exercer a sua atividade numa empresa pública, como é o caso dos portos nacionais, e ainda por cima em regime de quase monopólio”. Defendeu ainda investimento para completar redes de ligação à Espanha com a ligação ferroviária Aveiro-Salamanca.
No balanço às visitas realizadas, Miguel Viegas falou em “potencialidades” mas também em “vários constrangimentos”. A economia azul não pode ser apenas um chavão usado pelo governo para camuflar a sua inoperância. São necessárias políticas consequentes que possam de facto dinamizar a economia e tirar o país da depressão social e económica”.
O resumo da jornada voltou a abordar a capacidade de aquisição dos consumidores. “As pessoas não investem porquê? Porque não vêm futuro. Vêm austeridade, os salários a encolher e as pessoas cada vez mais endividadas. E com dificuldades para fazer face aos compromissos. Face à retração, os investidores perdem confiança para o investimento voltar a crescer”.
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