JORGE COELHO ATACA DURÃO E DEFENDE COLIGAÇÕES

Jorge Coelho defende que o Partido Socialista deve fazer "uma grande coligação" para construir uma alternativa de governo, que respeite os valores sociais e princípios desde sempre defendidos pelo partido. Por iniciativa do Departamento Federativo das Mulheres Socialistas de Aveiro, Jorge Coelho falou na noite de sexta-feira em Espinho do actual momento político, assumindo "com clareza e frontalidade, a opinião de que o PS para ser alternativa "tem de fazer uma grande coligação à sua esquerda ou à sua direita, em defesa dos portugueses mais desfavorecidos". Em tom de comício e num discurso quase sempre virado para o eleitorado, que não apenas para o universo interno do PS, Jorge Coelho "dissecou" declarações eleitorais do primeiro-ministro Durão Barroso em matérias como a saúde, a segurança e a carga fiscal, para demonstrar que este está "a fazer o contrário". "Temos a obrigação de confrontar o governo e a maioria com o que prometeram na campanha e o que estão a fazer", disse Jorge Coelho, socorrendo-se depois de um conjunto de citações de palavras da época do agora primeiro-ministro. Espantou-se com a recente declaração de Durão Barroso de que não abandona o governo, seja qual for o resultado das europeias, porque "foi ele que exigiu ao Presidente da República eleições antecipadas na sequência das autárquicas", que levaram António Guterres a demitir-se. "Uma coisa gostava de dizer a Durão Barroso: ou arrepia caminho ou em 2006 são os portugueses que o põem na rua porque governou mal, mesmo que ele diga que não se vai embora", declarou. Contrastando com as políticas sociais do PS, Jorge Coelho acusou "a direita de ter uma óptica fria e tecnocrática da sociedade", e lembrou que já são mais de 500 mil os desempregados. "Somos feliz e orgulhosamente diferentes da direita em Portugal", afirmou, acusando o governo de "em vez de combater o desemprego, combater os desempregados, tirando direitos a quem passou anos a fazer descontos e a pagar impostos enquanto esteve na vida activa". Falando de impostos recordou o "choque fiscal" anunciado por Durão Barroso na campanha eleitoral e que uma vez primeiro-ministro converteu no agravamento dos impostos. "Dizia ele que o PSD não ia congelar os salários. É falta de pudor e um escândalo nacional que na mesma semana em que são congelados os salários da administração pública, sejam aumentados os privilégios dos gestores nomeados pela maioria", acusou. Jorge Coelho interrogou-se se haverá algum português a dizer que a vida melhorou desde há três anos, para logo admitir que só "os milhares de militantes do PSD e do CDS que estão a ser nomeados" o podem fazer. Lembrou ainda palavras de Durão Barroso na altura da campanha, a respeito da saúde, afirmando que quem não tinha cunhas esperava pelas operações, para observar que "em vez dos 90.000 há agora mais de 140.000 à espera". "Não resolveram, pioraram e para encobrir falsificam estatísticas como a Ordem dos Médicos tem vindo a denunciar ao país", acusou. Para Jorge Coelho, foram "anos trágicos" para Portugal os da governação PSD/CDS-PP. Assim, o socialista defende que o PS, com "situação interna de total estabilidade sob a liderança de Ferro Rodrigues, tem todas as condições para alcançar o objectivo de ser alternativa, desde que tenha "dirigentes que confiem em si próprios e transmitam confiança".
Diário de Aveiro


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