Uma equipa da Universidade de Aveiro (UA) está a desenvolver louça em cerâmica, alternativa à existente no mercado, que permita a utilização em sistemas de indução. Vantagens? Em comparação com os materiais usados atualmente para este fim, incorporando aço inoxidável ou ferro ou até mesmo a porcelana, a cerâmica de grés fino permitirá uma redução do peso e custo. Para já, conseguiu-se uma solução que preserva o calor e aquece os alimentos, ideal para o sector hoteleiro e hospitalar, sendo previsível o início de produção em março de 2016.
A solução encontrada neste projeto, de nome IndUcer, implica a incorporação de um decalque metálico na base dos recipientes. Deste modo, é possível a sua utilização em sistemas de indução que funcionam através da criação de um campo magnético para aquecer os recipientes. O mercado das placas de indução está em crescimento sustentado desde o início do século, com um crescimento anual superior a 20 por cento na Europa, o que se explica pela elevada eficiência energética em relação aos outros processos tradicionais de aquecimento de alimentos.
A utilização de loiça de grés fino em placas de indução pode impulsionar o crescimento do mercado da louça utilitária a nível europeu, demonstrando a importância do produto desenvolvido.
A primeira fase do projeto foi desenvolvida pelos investigadores Paula Seabra, Rui Novais e Rob Pullar, do Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO), laboratório associado da UA com fortes ligações ao Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica (DEMaC).
Esta fase, já concluída, foi financiada pelo FEDER, através do Programa Operacional Fatores de Competitividade, COMPETE, envolvendo, para além do laboratório associado CICECO, ainda a Grestel e o Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV). As peças desenvolvidas permitem o aquecimento, por indução, até 90ºC, com grande interesse para, por exemplo, serviços de catering e serviços de refeição em unidades hospitalares, antecipa Rui Novais.
Nesta fase, a empresa pode produzir as peças assim concebidas sem qualquer alteração na linha de produção, obtendo um produto com maior valor acrescentado, salienta Paula Seabra. É previsível que as primeiras peças comecem a sair para o mercado em março de 2016, afirma ainda a investigadora.
Está em aberto a possibilidade de aprofundar ainda mais a investigação no sentido de obter peças cerâmicas que permitam mesmo a cozedura dos alimentos nestas placas de indução. Assim, explica Paula Seabra, está em curso a otimização das caraterísticas da pasta cerâmica de grés fino, de modo a conseguir este objetivo.
IndUcer é um dos projetos da UA na mostra "Inovação Material" sobre casos de inovação em cerâmica, resultantes da parceria entre a UA e a indústria. Esta mostra, no Museu de Aveiro/Museu Santa Joana, está integrada na XII edição da Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro que está patente até 6 de dezembro.
Texto e foto: UA
Diário de Aveiro |