O Porto de Aveiro vai iniciar em maio de 2020 os trabalhos de reposição na orla costeira dos inertes retirados da embocadura Barra em sucessivas ações de desassoreamento de modo a devolver o equilíbrio ambiental naquela zona exposta a fortes efeitos da erosão.
A garantia foi reafirmada pela Presidente do Conselho de Administração dos Portos de Aveiro e Figueira da Foz, Fátima Alves, durante a II Conferência do Movimento de Amigos da Ria de Aveiro, que decorreu no fim-de-semana no auditório da FNAC, em Aveiro.
Falando na qualidade de patrocinador do evento, Fátima Alves assegurou ainda que o Porto de Aveiro está a trabalhar num projeto para a requalificação da marginal dos bacalhoeiros, na Gafanha da Nazaré, que irá proporcionar a elevação da cota daquela artéria e assim evitar o seu alagamento em resultado, designadamente, do aumento da amplitude das marés.
Regularmente, por ocasião do preia-mar em marés vivas, a subida do nível das águas deixa toda a marginal intransitável, mas a Presidente do Porto de Aveiro, que está a trabalhar esta matéria em colaboração com a Câmara Municipal de Ílhavo, assegura que o trabalho vai antecipar os “piores cenários” que podem advir do impacto das alterações climáticas.
A II Conferência do MARIA, subordinada ao tema “Barra de Aveiro – entre a natureza e a intervenção humana”, foi conduzida João Senos da Fonseca, autor de numerosa bibliografia sobre a Ria de Aveiro e a sua região.
Numa intervenção recheada de pormenor e elementos históricos, ilustrada com a reprodução de cartas e testemunhos de valia documental, João Senos da Fonseca mostrou todo o processo evolutivo da foz do rios Vouga (então rio Vaca), Águeda e Cértima, até à constituição do cordão dunar primário entre Ovar e Mira, que mais tarde, no início do século XIX, proporcionou a fixação artificial da Barra de Aveiro no local onde hoje se encontra.
Na abertura da Conferência, falando em nome do MARIA, Paulo Ramalheira recordou que o tema é marcante porque depois de anos de incerteza até à estabilização, a barra do porto de Aveiro é agora tema pelas alterações climáticas.
Paulo Ramalheira disse que volvidos mais de dois séculos sobre a inauguração da obra da Barra de Aveiro que limitou os efeitos negativos da natureza sobre a região, surge nova confrontação “com momentos de incerteza”, desta feita em resultado das alterações climáticas que estão hoje na agenda mundial.
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