O Parque de Biotecnologia de Cantanhede (BIOCANT), primeiro do género em Portugal, é inaugurado quarta-feira naquela cidade do distrito de Coimbra, englobando um núcleo de 24 investigadores e duas empresas das áreas da genética e biologia. Entre os objectivos da equipa de investigação do BIOCANT conta- se o desenvolvimento de um inovador "chip" que permita a detecção da predisposição genética para a doença cardíaca (miocardiopatia hipertrófica) que vitimou o futebolista do Benfica, Miklos Feher. "Já prestamos assistência aos hospitais de Coimbra, na elaboração do diagnóstico. Trata-se de desenvolver uma técnica mais sofisticada, mais rápida e barata" disse à agência Lusa Carlos Faro, director científico do BIOCANT e docente da Universidade de Coimbra (UC). Actualmente, o Centro de Neuro-Ciências da UC, ao qual Carlos Faro pertence, é já responsável pela mais avançada técnica de detecção da predisposição genética daquela doença do coração. "O objectivo é desenvolver um chip de DNA para diagnóstico que possa fazer uma análise global de vários géneros, ao contrário da actual, feita género a género, mais demorada" explicou. Outro dos objectivos da equipa de investigação do BIOCANT passa pela identificação de substâncias presentes na flora mediterrânica para o futuro desenvolvimento de fármacos contra a doença de Alzheimer. Questionado sobre qual o tipo de flora a analisar, Carlos Faro recusou adiantar pormenores, considerando o segredo a "chave" do sucesso. "Estes projectos têm um grau de confidencialidade muito elevado", sustentou. Além do núcleo de investigação - que ficará situado num edifício de dois mil metros quadrados e dois pisos, equipado com avançados laboratórios de biotecnologia molecular e celular, genómica e microbiologia - o BIOCANT acolherá, numa primeira fase, duas empresas. A Crioestaminal dedica-se à criopreservação das células presentes no cordão umbilical e foi criada em Coimbra por antigos alunos do núcleo de investigadores do parque de biotecnologia. Já a STAB Vida é responsável pela sequenciação do primeiro genoma em Portugal. "Ambas desenvolvem um trabalho muito importante e dão credibilidade ao projecto", afirmou Carlos Faro. Ainda segundo aquele responsável, no primeiro trimestre de 2006 deverá estar terminada a construção de um segundo edifício, que contará com um auditório e diversas outras estruturas de apoio e prontos os lotes para empresas que irão associar-se ao Parque de Biotecnologia de Cantanhede. "Já temos uma longa lista de espera", garantiu. O BIOCANT nasceu de uma parceria entre a Universidade de Coimbra e a Câmara Municipal de Cantanhede, representando, nesta primeira fase a inaugurar quarta-feira, com a presença do secretário de Estado da Indústria e Inovação, um investimento de cerca de cinco milhões de euros.Diário de Aveiro |