Os aguaceiros da primeira quinzena de Setembro permitiram desagravar a intensidade da seca nalgumas regiões do país e fizeram baixar de 71 para 59 por cento a percentagem do território nacional atingido pela seca extrema. Segundo o relatório da Comissão para a Seca 2005, hoje divulgado, comparativamente aos últimos 15 dias de Agosto, verificou- se um desagravamento da intensidade da seca em parte das regiões do Norte e Centro. Nestas regiões, a seca severa atinge agora 34 por cento do território (29 por cento a 31 de Agosto) e a seca moderada, sete por cento (zero a 31 de Agosto). Nos restantes 59 por cento do território mantém-se a situação de seca extrema (71 por cento a 31 de Agosto). Nas albufeiras, a generalidade dos volumes de águas armazenados continua abaixo da média, com excepção da bacia do rio Ave. As reservas de água subterrâneas (aquíferos) também mantêm a tendência para baixar, já que a quantidade de precipitação que ocorreu não permitiu a sua recarga. O caso do aquífero Querença-Silves (Barlavento algarvio) obrigou mesmo a tomar medidas preventivas para fazer face ao rebaixamento, o que se traduziu na redução em 50 por cento da extracção feita a partir das captações de Vale da Vila. A nível do abastecimento urbano, a situação teve melhorias significativas: o número de pessoas afectadas por reduções no abastecimento, que era de quase cem mil em finais de Agosto, diminuiu para metade (52.000), enquanto outros 25 mil habitantes deixaram de recorrer aos autotanques para encher os seus reservatórios (72 para 48 mil pessoas). A situação mais crítica, que requereu medidas de intervenção excepcional, continua a ser a dos concelhos abastecidos pelo sistema do Sotavento algarvio. Diversas entidades aplicaram um programa de acção para compensar as reduções de captação de água nas albufeiras de Odeleite e Beliche e reservar água para 2006, através dos aquíferos da zona. As reduções em causa são de 30 por cento, tanto para abastecimento urbano como para a rega e devem manter-se se a seca continuar. No dia 06 de Setembro teve lugar a primeira reunião da subcomissão de seca específica para o Algarve tendo sido decidido manter a redução de consumos e promover uma peritagem à situação crítica do aquífero Querença-Silves. Os fenómenos de morte de peixes nas albufeiras vão ser estudados e acompanhados ao abrigo de um protocolo de cooperação entre a Direcção Geral de Recursos Florestais, Laboratório nacional de Investigação Veterinária e Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional. Nas barragens mais pequenas, as autoridades retiraram espécies de peixes exóticas para aumentar a taxa de sobrevivência dos peixes autóctones. Algumas populações foram colocadas em aquários para poderem voltar a ser libertadas quando as condições hidrológicas o permitirem. Outros peixes têm sido usados como alimento em centros de recuperação de aves.Diário de Aveiro |