Na minha crónica anterior referi que as Autarquias devem actuar no emprego, na dependência, na pobreza, e que as Juntas de Freguesia deveriam fomentar iniciativas sociais, de inter ajuda com as instituições de solidariedade, implantadas no terreno. E prometi este tema para esta crónica. No entanto, um artigo do Padre Costa Leite, intitulado “Professores ou funcionários do ensino?”, fez-me alterar a ideia anterior. Primeiro, desejo expressar a minha integral concordância com o teor deste artigo. As nossas escolas andam tristes, as pessoas (professores e pais) ainda mais. Tudo porque se deixou chegar o ensino ao ponto em que se encontra em Portugal. Não é difícil recordar os tempos em que, eu próprio, ajudei a “criar” a Escola Técnica de Anadia, da qual fui o seu primeiro e último director; a generosidade que as pessoas ligadas ao ensino, nesse tempo, punham em todas as actividades; a dedicação de “corpo e alma” dos funcionários e professores, para se fazer uma escola autêntica, constantemente renovada, aliciando os alunos a actividades extra escolares motivantes. Pois é, a motivação é a chave de tudo o que fazemos. Ou a temos ou nada sai direito. É este aspecto que não tem sido atendido. Também sou a favor da lei que diz que a escola deverá ser o centro da educação, onde professores e alunos se “combinem” para uma boa e sã aprendizagem. Depois de 1975, quando a dita Escola Técnica de Anadia se “aglutinou” com o antigo Liceu, entendi que a minha saída era importante, o “marasmo” tinha-se instalado e pouco restava da “escola” que eu ajudara a criar. O pior é que o ensino nunca mais se endireitou. E pude observá-lo de perto ao “passar”, de novo, por uma escola da região de Lisboa, em 2000, para dar aulas ao 12º ano. Porque tinha saudades do ensino, vejam lá! Ao fim de 20 anos de discussões sobre uma “nova escola”, agora luta-se contra os professores, como se, de facto, não fossem eles o sustentáculo, desde 1975, do pouco ensino em Portugal. Sempre disse que, em gestão, a renovação, a mudança, só se faz com as pessoas. Se não investirmos nelas, não temos organização. É claro que as condições que o Padre Costa Leite reclama, instalações condignas e funcionais para o exercício da nobre profissão de ensinar, resultam de grandes investimentos. E dinheiro é coisa que não há. Estamos no momento de acertar as contas em tudo o que é Estado. Mas, senhores governantes, do autarca ao primeiro-ministro, façam-no depressa. E bem. Temos de ter soluções adequadas, motivadoras e aliciantes de modo a que o absentismo dos alunos não continue a ser o maior da União Europeia e se instale um ambiente inovador na aprendizagem em Portugal. As gerações futuras não vos perdoarão se não o fizerem. E a História será irredutível na avaliação de uma, mais uma, eventual, reestruturação contra alguém, quando elas se fazem sempre “com e para alguém”. É o sentido positivo das coisas. Não ao negativismo! ? Que o espaço de espera seja breve e profícua a negociação que é urgente iniciar. António Lebre de Freitas* *Engenheiro/Consultor de empresas lebredefreitas@yahoo.com Diário de Aveiro |