ESPERO REALIZAR AS OBRAS DE QUE A FREGUESIA TANTO NECESSITA

A Ronda Autárquica segue em entrevista esta semana com Manuel Carvalho, Presidente da Junta de Freguesia da Palhaça.

Conhece de cor a freguesia onde há 20 anos começou o seu trabalho autárquico. Foi secretário da junta durante oito anos e em 1993 assumiu o primeiro de dois mandatos de Presidente da Junta de Freguesia da Palhaça. Manuel Lourenço Carvalho está habituado a eleições com a camisola laranja e em 2005, voltou a merecer a confiança dos palhacenses com 57,9% dos votos. Há quase 3 meses em funções, a convicção para os próximos 4 anos é de colocar o selo - “Melhor” - no rótulo da freguesia que tem tudo para seguir um rumo de desenvolvimento.

Catarina Pereira|Palhaça

Considero ser mais fácil o dialogo

JB - Afastado durante 4 anos da gestão autárquica, durante um mandato, que motivações o levaram de novo a ponderar e concretizar, depois, esta candidatura?

MC - Quando há quatro anos, resolvi não me recandidatar, não tinha qualquer intenção de voltar, mas, com o passar do tempo, comecei a sentir que ainda podia dar muito à minha freguesia, senti que havia vontade das pessoas em que eu regressasse para a junta, ao mesmo tempo que começava a ver grandes projectos a serem adiados.

JB - Surpreenderam-no os resultados obtidos, quer na junta de freguesia quer na câmara municipal, nas autárquicas de Outubro?

MC - Sempre tive confiança numa vitória folgada do Partido Social Democrata na Palhaça para a Junta. Quanto à Câmara, no início da campanha, comecei por ter dúvidas, mas, com o modo de apresentação dos objectivos do nosso candidato, Mário João Oliveira, comecei por notar que a Freguesia da Palhaça estava com ele, por isso dei força à sua equipa para trabalhar a campanha nas outras freguesias para que todas pudessem chegar aos resultados esperados - ganhar a câmara.

JB - Acha que a Palhaça pode, de alguma forma, beneficiar, agora, mais do que dantes, uma vez que é da mesma cor política do executivo?

MC - Julgo que não. Durante os meus mandatos, de um modo geral, tive boas relações com os autarcas da Câmara. Cooperámos nas obras de saneamento, das águas, da Zona Industrial, nos alcatroamentos e nas várias ligações aos lugares na Palhaça. Agora, considero ser mais fácil o diálogo.

JB - Mas será preciso mais que diálogo para cumprir aquilo que os palhacenses esperam desta câmara?..

MC - Sim, espero também realizar as obras de que a freguesia tanto necessita, como a mudança da feira, as escolas, os arruamentos da Zona Industrial, o estacionamento junto ao cemitério, os planos urbanísticos, o saneamento na parte poente da freguesia, entre outras, que vão surgindo com o tempo.

Voto a favor

JB - Na Assembleia Municipal, onde foi aprovado o plano de actividades e orçamento para este ano votou a favor. Parece-lhe razoável o investimento previsto para a freguesia?

MC - Em parte, estou de acordo, com o que está no Orçamento e no Plano de Actividades da Câmara para a freguesia da Palhaça. Digo «em parte» por não haver uma verba explícita para a mudança da feira. Já manifestei a minha preocupação ao senhor Presidente e espero que, na primeira revisão do Orçamento, esta questão seja contemplada.

Feira e Zona Industrial: “vamos ter de fazer alguma pressão”

JB - Uma vez que estamos a falar de orçamentos, uma Junta de Freguesia não tem muito por onde mexer-se no que toca a dinheiros. Que prioridades, quando se contam todos os cêntimos?

MC - Tomando em conta o nosso orçamento, e do que depende exclusivamente de nós, as prioridades passam, sobretudo, pelo arranjo da fonte dos Carregais, do Jardim da Praça de São Pedro, do Parque de Lazer, por manter todos os caminhos rurais em boas condições e pela limpeza de todas estradas e passeios da nossa freguesia.

Quanto às grandes prioridades, a Feira e a Zona Industrial, essas vamos ter de fazer alguma pressão para podermos realmente colocá-las no topo das concretizações.

JB - E o que será preciso para que a questão da feira fique, de uma vez por todas, resolvida, a fim de desimpedir os terrenos para as obras sociais, que tantos reclamam na freguesia?

MC - Sobre a mudança da feira, e segundo nos parece, esta devia ter acontecido, aquando da abertura da feira do gado, na sua nova localização, até para agilizar a libertação dos terrenos para os equipamentos sociais previstos.

O que está a acontecer é que a feira do gado tem saído ligeiramente prejudicada com esta mudança. Como não foi feita na mesma altura, agora farei tudo o que estiver ao meu alcance para que esta aconteça, o mais brevemente possível, embora esta não dependa de nós, mas da Câmara Municipal.

Já fiz chegar ao presidente os compromissos assumidos entre a anterior Câmara, a Junta de então, a igreja e as associações. Nenhumas obras poderão ser feitas sem esta alteração. Por isso, é tão urgente. Estamos a empatar equipamentos muito importantes para a freguesia.

JB - Outra das questões, eternamente adiadas na Palhaça, há alguns anos, é a infraestruturação correcta e organizada da Zona Industrial. Estaremos a perder o comboio das oportunidades com a abertura de zonas industriais com melhores condições, enquanto a nossa foi ficando pelos imediatos?

MC - O desenvolvimento da Zona Industrial da Palhaça, no meu entender, deve passar pela criação de novas infra-estruturas, nomeadamente, arruamentos, rede de saneamento e águas pluviais, passeios, placas de informação e uma adequada ligação à A-17. Devemos dar mais condições para que os industriais possam investir na Palhaça, o que deve ser realizado, com urgência, para que não sejamos ultrapassados por concelhos vizinhos como, a curto prazo, pode vir a acontecer.

JB - E das obras para as pessoas. Sendo a Palhaça uma Vila onde o movimento associativo tem uma forte expressão, esta Junta tem pensada alguma forma de estímulo ou apoio específico para os próximos 4 anos?

MC - Com um orçamento, que, como já fui dizendo, é curto para tudo o que gostaríamos de fazer, dentro das nossas possibilidades apoiamos todas as iniciativas que desenvolvem, tentamos dar apoio logístico, sempre que solicitado. A pensar nas necessidades das associações, adquirimos um equipamento de cópia e impressão que disponibilizamos, sempre que precisarem. Se não fazemos mais, é por que realmente não podemos mas, sobretudo, queremos que saibam que há da nossa parte um interesse que não descuraremos. Exemplo disso foi a reunião que já tivemos com todas elas.

“Temos a felicidade de termos uma vila onde a dinâmica associativa, o empenho e a dedicação das pessoas têm mostrado que é possível fazer coisas de qualidade.”

JB - E de que forma pensam animar culturalmente uma Vila, que, como a Palhaça, mostrou sempre que é chamada a organizar eventos prova que tem qualidade na prata da casa?

MC - Temos a felicidade de termos uma vila onde a dinâmica associativa, o empenho e a dedicação das pessoas têm mostrado que é possível fazer coisas de qualidade. São exemplo as Marchas Populares, o Auto dos Reis Magos, os Festivais de Folclore e recentemente a Comemoração dos 200 anos da Paróquia. É nossa intenção apoiar estas e outras iniciativas culturais que surjam e temos prevista uma quinzena cultural que possa envolver o maior número de associações e todos os Palhacenses.

JB - Fala-se de que nem sempre os habitantes sabem o que se vai fazendo ou falando na freguesia, das pequenas coisas do dia a dia, que, num futuro próximo, serão parte da memória da freguesia. Pensam criar algumas estratégias de comunicação que possam, de alguma forma, colmatar esta lacuna?

MC - Sim, estamos a ultimar o boletim informativo da Junta de Freguesia que sairá muito brevemente. Contempla informação da própria Junta e de todas as associações que mostrem interesse em publicar actividades ou notícias. Também entraremos em breve no mundo virtual, como vocês jovens gostam de dizer (risos), com uma página na Internet.

Junta de Freguesia da Palhaça

Manuel Lourenço Carvalho

Manuel Augusto Santos Martins

Jorge Manuel Jesus Santos Ribeiro
Diário de Aveiro



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