O Novo Presidente Um dos mais importantes sinais de vitalidade da República é a eleição e entronização de um novo Presidente. Após as eleições, que deram a vitória ao Prof. Cavaco Silva foi o que aconteceu no passado dia 9 de Março. Mais do que a magnificência ou imponência da cerimónia, o que normalmente se releva desta festa republicana é o discurso de posse do novo presidente. Claro que é relevante o número mais ou menos significativo de presenças de chefes de Estado estrangeiros, de embaixadores, de personalidades diversas na AR. É obvio que também medimos a adesão popular às festividades que assinalam a ocasião ou o nível de mediatização, conseguido nas televisões, mas o que marca o dia é o discurso do novo presidente. Foi um discurso sóbrio em que o novo Presidente mediu todas as palavras que proferiu para poder ser claro e consistente na sua primeira mensagem à Nação. Nele traduziu esperança, a confiança e sentido de futuro como bem está expresso no novo sítio da Internet da Presidência da República. Esperança em ultrapassarmos colectivamente situações mais adversas. Confiança, como chave para retomarmos o ritmo de desenvolvimento económico indispensável ao nosso progresso. Sentido de futuro para reinventarmos um rumo que nos oriente e mobilize, preparando-nos para os desafios das novas tecnologias, numa Europa mais dinâmica e mais moderna. Cavaco Silva também disse o óbvio, mas acrescentou sempre qualquer coisa mais. Dois exemplos; afirmou que vai ser o Presidente de todos os Portugueses mas “também, daqueles que, não tendo nascido portugueses, escolheram a nossa terra para viver e se realizarem como pessoas.” Uma referência clara aos emigrantes, que querendo trabalhar e integrar-se na sociedade portuguesa, devem ser também uma sua preocupação. Também reafirmou ao “Senhor Primeiro-Ministro e ao seu Governo a inteira disponibilidade e empenhamento numa cooperação leal e frutuosa”, prometendo a estabilidade como pressuposto essencial do bom funcionamento das instituições e da realização das mudanças necessárias ao desenvolvimento do País. Até aqui nada de novo. No entanto, entende e avisa que a estabilidade política não é um valor em si mesmo. “A estabilidade é uma condição, não um resultado. E para que a estabilidade não se confunda com imobilismo, é necessário imprimir-lhe um sentido dinâmico e reformista.” Pedagogicamente, Cavaco Silva adiantou ainda cinco grandes desafios a Portugal e aos portugueses de que estou convicto irá acompanhar e procurar medir ao longo do seu mandato presidencial. O primeiro desafio relaciona-se com a criação de condições para um crescimento sustentado da economia. O segundo refere-se à sua preocupação na recuperação dos atrasos em matéria de qualificação dos recursos humanos. O terceiro prende-se com o reforço da credibilidade e eficiência do sistema de justiça (preocupação do também do Dr. Sampaio). O quarto desafio diz respeito à necessidade de sustentabilidade a médio e longo prazo do financiamento do nosso sistema de segurança social para, num consenso político alargado, se encontrar a adequada estratégia e solução para este problema que afectará todos os portugueses. Por último Cavaco Silva pretende credibilizar o nosso sistema político, porque que é hoje um domínio de crescente insatisfação dos cidadãos. Estou convicto de que o Presidente da República poderá dar um contributo inestimável para a concretização destas ideias.
António Granjeia* *Administrador do Jornal da BairradaDiário de Aveiro |