NA BIBLIOTECA MUNICIPAL

A cidade de Oliveira do Bairro dá-se ao luxo de ter patente ao público, no momento em que escrevemos, duas exposições, que versam e “ressuscitam” a figura multifacetada de Arlindo Vicente, especialmente nas vertentes de artista plástico e do político: uma na biblioteca municipal que esteve aberta durante todo o mês de Abril e outra na sala de exposições da câmara municipal.

Memória

Esta última exposição, organizada pela Comissão Promotora das Comemorações, com base nos arquivos particulares da família de Arlindo Vicente, evento que teve direito a catálogo de luxo, integra, como a primeira, o ciclo das comemorações do centenário de nascimento de Arlindo Vicente.

Teve inauguração no dia 25 de Abril e prolongar-se-á até 13 de Maio. Aliás alguns oradores lembraram a sua importância na génese da revolução dos cravos.

É essencialmente ilustrada por fotografias, jornais e recortes, desenhos e quadros, distribuídos por alguns temas gerais como: “Do Troviscal a Coimbra com Lisboa pelo meio (1906-1932)”, onde surgem alguns documentos pessoais, livros escolares, fotos com pais e irmãos, catálogos de exposições, livro de curso, etc., ilustrações em livros e revistas (Labor e Seara Nova).

Seguem-se os temas na “capital do Império” e “eleições presidenciais de 1958”, em que abundam os manifestos, circulares, postais e cartazes de campanha, jornais, cartas e folhetos de propaganda, impressos de apoio à candidatura de Arlindo Vicente a presidente da República, e, evidentemente, fotos.

O reverso da campanha está no denominado “rescaldo das eleições presidenciais”, onde aparecem diversa correspondência, nomeadamente cartas de A.V. para Salazar e resposta e para o presidente da República e ainda uma carta do irmão António, que foi médico e poeta, dando conta da fraude, que se verificou no concelho de Oliveira do Bairro; cartas e postais de familiares e amigos para a prisão de Caxias, onde esteve encarcerado algum tempo, memorandos em sua defesa.

O percurso pela vida de A.V. termina com o tema “o triunfo da Arte”, a sua vertente mais notável (a política foi uma incursão ousada... certamente mais de um social democrata, fascinado pelas liberdades e garantias, do que um homem próximo de Álvaro Cunhal).

Aqui, em jornais e recortes, se recorda a sua paixão pelas tintas, nunca violentas em demasia, embora a tristeza prevaleça.

Depois vem a cornucópia das referências à sua personalidade e obra através de livros, revistas e recortes de jornais, bem como vários trabalhos de investigação, tendo como figura central o inegável lutador em favor da democracia, nascido no Troviscal e um dos seus filhos mais ilustres, se não mesmo o maior. Constam ainda deste roteiro da grata memória a inauguração de Avenida em Lisboa, com o nome de Arlindo Vicente e no Troviscal, na abertura das comemorações.

Esta exposição pode ser visitada durante as horas de expediente da câmara.

Na Biblioteca Municipal

Encerrou a exposição na Biblioteca Municipal, intitulada “Arlindo Vicente 1906-2006”, da responsabilidade do Museu de S. Pedro da Palhaça, integrando reproduções dos seus trabalhos como ilustrador de livros e textos, muitas fotografias, jornais, cartazes, manifestos, enfim, uma enorme quantidade de elementos relativos à sua vida e obra, tempo político e de prisão.

Segundo sabemos, a exposição que teve apenas como apoio e divulgação um desdobrável, confeccionado na própria biblioteca, foi muito visitada, e pode considerar-se de maior conteúdo, relativamente à patente na câmara. Embora em muitos pontos naturalmente se entrecruzem...

Para consulta três volumosos dossiês de documentos (fotocópias) relativos à vida e obra de A. V., incluindo alguns relacionados com a sua prisão e a polícia política (PIDE).
Diário de Aveiro



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