QUASE MEIO SÉCULO DEPOIS

Quase meio século depois, a igreja paroquial da Palhaça sofre a sua primeira e maior intervenção. As obras exteriores, que começaram imediatamente a seguir à Páscoa, seguem agora no interior e prometem estender-se pelo verão fora.

Tal como reza a história da construção da igreja, também nesta empreitada os paroquianos são chamados a contribuir. Segundo o pároco José Augusto, “são alterações que vão modificar positivamente o dia-a-dia celebrativo da paróquia, vai-se modernizar a igreja no espírito de um Deus mais próximo”.

As mudanças maiores são no interior

De acordo com estimativas previstas, embora ainda muito precoces, os custos da obra devem ascender aos 150 mil euros que serão pagos com o auto-financiamento da paróquia, com o apoio da autarquia e com a boa vontade e colaboração de todos os Palhacenses.

A obra está a cargo da empresa conterrânea, “Carvalho, Pereira Lourenço, Lda.”, vencedora entre as cinco empresas que apresentaram orçamentos, “a que deu todas as garantias de segurança na execução com um terço dos custos”.

A empreitada começou pelo exterior, com o isolamento térmico da placa e posterior substituição do telhado. Muito jeito tem dado o terreno lateral à igreja que acabou por favorecer a execução das obras servindo de estaleiro e garantindo um perímetro mínimo de segurança.

Depois do depósito da água, a Igreja deve ser o edifício mais alto da freguesia. Se quiséssemos, por isso, escolher o melhor miradouro para um roteiro da Palhaça, ele passaria certamente por ser vizinho de sinos e teria como morada a torre da Igreja. Que o digam os homens que por lá andaram a colocar nada mais nada menos que 9 mil telhas. Pois é, não deve ter sobrado muito tempo para miragens, a não ser de telhado à espera de ser novo.

Foi o que aconteceu nesta primeira fase das obras, em que foi substituído o corpo central do telhado, com 20 paletes de telha, que a empresa Sotelha gentilmente ofereceu (metade).

As 9 mil telhas que teriam como destino um qualquer monte de entulho tiveram melhor sorte e foram certamente sorte de alguém. Foram todas disponibilizadas para serem distribuídas a quem manifestasse necessidade e vontade de ficar com elas. Segundo o pároco, “algumas das telha foram de primeira necessidade para quem ainda não tinha telhado a sério, nem como proteger os filhos da chuva”.

Se no exterior é impossível não repararmos, será no interior, que vamos poder observar mais mudanças. Aproveitando as obras que eram mesmo necessárias para a manutenção do edifício, foi decidido avançar com a intervenção arquitectónica. A pintura que era já uma necessidade, “para impermeabilizar a parede e locais onde as infiltrações estavam quase incomportáveis, como era o caso do altar e a zona por cima da imagem de nossa senhora”, foi ainda renovada e melhorada toda a instalação eléctrica. “Precisávamos de iluminar a igreja, aproveitando não só os locais previstos para iluminação desde a construção, que não estavam a funcionar, como era o caso dos focos centrais” como explicou o Padre Zé Augusto, mas também, aproveitando a opinião de um entendido na matéria e acrescentando 2 vigas para iluminação do presbitério com 12 holofotes, fazendo de toda a iluminação um investimento de alto rendimento, equilibrando gastos com intensidade.

UM ESPAÇO SAGRADO TAMBÉM AJUDA A FAZER DOUTRINA

A última fase será também a mais trabalhosa e, sem dúvida, a mais importante. Porque os tempos mudam, a igreja, enquanto espaço comum de culto e casa onde fiéis se encontram e celebram, também é pressionada a modernizar-se, sobretudo tratando-se de um edifício com quase meio século.

Para o Pároco, padre Zé Augusto, esta intervenção era sentida por si como uma necessidade, sobretudo quando é chamado a administrar o sacramento do baptismo. “Desde que cheguei que sinto necessidade de um baptistério que dê dignidade ao baptismo, um espaço sagrado também ajuda a fazer doutrina”.

O trabalho de arquitectura, da responsabilidade do Arquitecto José Vitória, é todo oferecido e prevê, não só a criação de um baptistério, como outros espaços como o Sacrário, uma capela para o Santíssimo e um espaço para a presidência. À proposta inicial, que esteve exposta em maquete, à entrada do edifício, foram feitas ligeiras modificações, fruto da troca de impressões entre paroquianos e pároco.

Como foi esclarecendo, quem mais uso faz desta casa “procura-se convidar à celebração, ao recolhimento, à oração, dar ambiente destacando cada elemento nos seus momentos. Com esta obra vai-se valorizar o sacrário, o altar e a presidência, a aproximação da mesa da refeição da família que comunga”.

O que poderemos então encontrar no final desta jornada de modernização?

Um encurtamento de distâncias ente a Assembleia e o altar com a aproximação do altar da assembleia. Como esclarece o pároco, “é importante criar empatia entre quem celebra e quem participa assim como dar dignidade ao local da presidência que vai ficar atrás do altar, não nos podemos esquecer que quem preside, fá-lo em nome de Cristo”.

O Sacrário será dos elementos mais imponentes previstos nesta intervenção, como explica o pároco: “o sacrário tem que se impor à pessoa, dizer por si - Jesus está aqui”. Este novo elemento ficará à esquerda de quem entre, para ficar o mais afastado possível da estrada, procurando o recolhimento que este espaço exige, “plasticamente esta será uma peça muito bonita, homenageando o seu conteúdo com bastante dignidade”, cenicamente será também possível destacar este elemento através da iluminação.

Até ao momento, tem sido com grande esforço que se tem mantido o regular funcionamento de todos os serviços religiosos na igreja, mas, segundo o pároco, é provável que o evoluir das obras obrigue a uma mudança do lugar de culto, “vamos demolir pisos, levantar altar e isso obrigará certamente a suspender os serviços religiosos na igreja durante pelo menos 15 dias”.

Quanto à colaboração de todos os Palhacenses, será feito Auditório porta a porta, a partir de Julho. Feita, casa a casa, por equipas onde haverá sempre um elemento do Conselho Económico.

“Esta pessoa poderá desfazer algumas dúvidas que possam surgir acerca das obras assim como para evitar qualquer tipo de abuso à custa de uma causa que é séria”.

Catarina Pereira*
*Jornalista
Diário de Aveiro



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