ENTIDADES REGIONAIS DE TURISMO PEDEM INVESTIMENTO EM ACESSIBILIDADES.

A autonomia das Entidades Regionais de Turismo e as acessibilidades das regiões foram os principais temas de discussão no segundo dia do 10.º Fórum de Turismo Interno Vê Portugal, que termina hoje em Torres Vedras.

A Sessão de Abertura, no Teatro-Cine de Torres Vedras, deu o mote, com intervenções de Laura Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Raul Almeida, Presidente da Turismo Centro de Portugal, Francisco Calheiros, Presidente da Confederação do Turismo de Portugal e Pedro Machado, Secretário de Estado do Turismo.

Raul Almeida sublinhou a importância das acessibilidades como um dos desafios que se colocam ao turismo interno na região Centro de Portugal.

“Se é certo que o crescimento está a bater todos os recordes, também me parece evidente que a região cresceria ainda mais se fosse mais fácil de chegar ao Centro de Portugal, de avião, de comboio ou até de automóvel. Não tendo sido possível um aeroporto que servisse a maior região do país, então apelo aos decisores políticos que olhem com atenção redobrada para as restantes acessibilidades ao Centro de Portugal”, considerou Raul Almeida.

“A região é estruturalmente mal servida por ferrovia e, nas estradas, é fundamental avançar com a transformação do IP3 em autoestrada, assim como construir o IC31, entre a A23 e Espanha, via Monfortinho. Estes, entre outros, são investimentos prioritários e que o país precisa de realizar”, acrescentou Raul Almeida.

Francisco Calheiros focou a sua intervenção na questão das acessibilidades.

“Não há dúvida de que, com o novo aeroporto, que permitirá a entrada de mais turistas em Portugal, haverá mais visitantes a circular pelo país. Mas ainda temos muito a fazer noutras acessibilidades. Continua a ser essencial encurtar distâncias no país e permitir que as várias regiões estejam ligadas não apenas por autoestradas, mas por uma linha férrea modernizada, mais cómoda e rápida. Assim acontece noutros países europeus, onde os turistas recorrem ao comboio para conhecerem o interior desses países”, reforçou.A terminar a sessão de abertura, Pedro Machado abordou os desafios que se colocam às Entidades Regionais de Turismo (ERT).

“Na décima edição do Fórum Vê Portugal deixo alguns desafios às ERT. Por um lado, têm de ser mais integradoras e mais colaborativas, uma vez que os seus objetivos são comuns: o crescimento, a sustentabilidade, o esbater sazonalidades, entre outros. Um segundo desafio é o da inovação e pragmatismo. Em terceiro lugar, devem ser disruptivas e assumirem novos desafios. É importante para mim colocar na revisão da Lei 33 [Lei das ERT] a ideia de as ERT se assumirem como organismos intermédios, que possam ter a capacitação de programas comunitários e que facilitem o acesso daqueles que, nos territórios, estão afastados dos grandes programas nacionais”, afirmou.

Esta alteração, segundo Pedro Machado, “significa não só reconhecer a relevância institucional das ERT, mas também descentralizar algumas áreas do Turismo de Portugal”. A terminar, referiu ainda um quarto desafio: alterar o modelo de governança, com a inclusão de mais entidades privadas.

A manhã foi concluída com os dois primeiros painéis de debate do fórum.

O primeiro foi dedicado, precisamente, aos "Desafios para as Entidades Regionais de Turismo". Moderado por Carlos Abade, Presidente do Turismo de Portugal, juntou cinco presidentes de regiões de turismo: Raul Almeida, do Centro de Portugal, Luís Pedro Martins, do Porto e Norte, Carla Salsinha, do Turismo de Lisboa, José Santos, do Alentejo e André Gomes, do Algarve.

Os oradores, em sintonia, concordaram que os grandes desafios ao seu funcionamento passam por estruturar e criar produtos atrativos, que levem os visitantes a percorrer todo o território, e não apenas os destinos mais maduros turisticamente, além de requalificar e valorizar as experiências dos turistas e, acima de tudo, crescer em valor.

Para tais objetivos serem alcançados, consideraram fundamental o reforço da autonomia financeira e administrativa das regiões, com novas competências, uma vez que há demasiados procedimentos burocráticos que entravam os processos.

O segundo painel teve como tema “Turistas Improváveis: Experiências Inspiradoras Rumo à Promoção da Paz em Territórios de Guerra” e contou com os testemunhos de “turistas improváveis”, avaliando de que forma a sua ação promove a paz em territórios ou destinos com maior agitação social.

Moderados por Dulcineia Ramos, vereadora da Câmara Municipal de Torres Vedras, participaram Bruno Santos, piloto torriense de Motos TT e Rally Raid, Mário Patrocínio, escritor e cineasta torriense e Rui Nunes da Silva, presidente do IPAV – Instituto Padre António Vieira. 


Diário de Aveiro


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