AVEIRO TEM CONSEGUIDO CAPTAR A PRESENÇA DE IMPORTANTES MULTINACIONAIS

O sector das telecomunicações assume-se cada vez mais como uma referência da região de Aveiro, onde, nos últimos anos, têm emergido dezenas de micro e pequenas empresas, sob o impulso inicial da PT Inovação.

Paralelamente, Aveiro tem conseguido captar a presença de importantes multinacionais, como a Nokia/Siemens, a NEC, a Ericsson, ou a francesa GFI Informatique.

Formam um "cluster" com pessoas qualificadas em número, sistemas e serviços, que permite afirmar hoje Aveiro em termos nacionais e mundiais, no domínio das telecomunicações.

Para consolidar o "cluster" aveirense foi criada em 2003 a Inova-Ria, uma rede entre essas empresas com o objectivo de promover a inovação, a cooperação empresarial e a sustentabilidade do emprego.

A evolução dos números desde há quatro anos evidencia o acerto do percurso.

A Inova-Ria arrancou em 2003 com 15 empresas associadas, correspondendo a 64 milhões de euros de receitas totais e a 649 colaboradores. Hoje representa 37 empresas e cerca de mil empregos, e os dados de 2006 apontavam já para 87 milhões de euros de receitas totais, excluindo os gigantes da Nokia/Siemens, da NEC e da Ericsson, bem como a sucursal brasileira da PT Inovação.

"As telecomunicações começam a ter aqui uma grande capacidade. As empresas do sector olham para a região e percebem que há massa crítica, que há contexto para fazer coisas diferentes, que há desde pequenas a grandes empresas que têm toda a cadeia de valor", afirma Paulo Nordeste, presidente executivo da PT Inovação, que tem sede em Aveiro e pólos em Lisboa e no Porto.

Paulo Nordeste diz que essa realidade não é por acaso: "Aveiro tem tradições de mais de meio século na investigação e desenvolvimento em telecomunicações, que são hoje uma área-chave para a região e uma das principais marcas da sua Universidade".

"O papel da Universidade é imprescindível. Não resolve o problema das empresas, que é fazer bons negócios, mas prepara recursos e participa na investigação, em articulação com outras universidades", observa.

O presidente executivo da PT Inovação vê com bons olhos a recente abertura de um centro de investigação da Nokia/Siemens em Aveiro, depois da cidade ter recebido a NEC, e considera que "seria óptimo" se a Ericsson, que já participa em Aveiro na rede Inova-Ria, fizesse o mesmo.

"Até agora a PT Inovação tem sido a âncora desse cluster de telecomunicações, mas se tudo correr bem e surgirem outras empresas de dimensão, essa âncora pode ter mais braços", comenta.

Paulo Nordeste reconhece que "a colocação do centro da Siemens/Nokia em Aveiro foi muito importante, como já tinha sido o da NEC" e justifica: "a presença das multinacionais é relevante porque dá credibilidade ao meio, sobretudo quando aqui estabelecem actividades de valor acrescentado, quando não vêm apenas utilizar mão-de-obra, mas localizar parte da sua cadeia de valor do produto".

Na perspectiva do presidente executivo da PT Inovação, "Aveiro é o pólo natural do cluster de telecomunicações, que tem de ser nacional, porque se o país e as regiões se quiserem afirmar, têm de seleccionar actividades de referência".

"É como um clube de futebol, que pode ter várias modalidades, mas tem uma modalidade principal", compara, exemplificando com o "cluster" da Saúde, em que "a referência indiscutível é Coimbra, o que não invalida que Aveiro não tenha a Escola Superior de Saúde, bons serviços e bons profissionais".

Reconhece que "a mensagem tem vindo a passar, mas tem ainda um longo caminho a percorrer" e defende que "tem de haver um sentimento estratégico que deve ser assumido também pelos políticos locais".

"Essa sensibilidade tem vindo a aparecer, nomeadamente por parte do presidente da Câmara de Ílhavo, Ribau Esteves, mas tem de haver consonância política entre os autarcas da região(não quero dizer partidária) para inscrever esse sentimento estratégico nas prioridades ao nível do discurso", comenta.

Dá como exemplo recente a transmissão de um directo televisivo a partir de Aveiro, questionando se terá sido feita alguma referência à importância das telecomunicações para a cidade e para a região, "ou apenas aos ovos moles?".

"Veja-se que o sector representa em Aveiro cerca de mil empregos qualificados, o que já é significativo, para não falar no volume de negócios associado", sublinha.

Defende também que devem ser criadas condições para atrair à região nacionais e estrangeiros qualificados, que possam contribuir para a competição em segmentos altos e com produtos diferenciados.

"Aveiro tem qualidade de vida, segurança, fluidez de tráfego e muitas outras coisas boas, como a Ria e também os ovos moles, que, a serem "vendidas", se podem aliar ao contexto já existente no sector e fixar essas pessoas, para darem o seu contributo", conclui.
Diário de Aveiro


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