O Tibete existe como Nação há mais de dois mil anos. Reconhecemos no Tibete tudo o que identificamos como marcadores de uma Nação Independente: um território, uma língua, uma cultura, uma religião. O país foi governado inicialmente por uma monarquia de que se destaca o imperador Songtsen Gampo (617), que tirou o reino do feudalismo e lhe deu uma língua, um alfabeto, um sistema jurídico, unificando a nação tibetana. Posteriormente, a estrutura política e administrativa do Tibete secularizou-se, passando a ser regida pelos Dalai Lama (1391), acabando reconhecidos como tal pela Dinastia Chinesa Qing em 1751. Em 1912, o Tibete proclama a sua independência, liderada pelo 12º Dalai Lama.
Como quase sempre nestas histórias, também foram missionários portugueses os primeiros europeus a atingir o território tibetano em 1614. Tendo sido bem recebidos, tiveram autorização para fundarem um local de culto católico. Desde essa altura, o interesse europeu pelo Tibete cresceu e várias foram as expedições ao país conhecido como o tecto do mundo. Talvez essas expedições, o interesse britânico, a cobiça russa e o imperialismo chinês tenham determinado a sorte do Tibete de hoje após a invasão de chinesa 1950 e consumação da anexação em 1959.
Hoje, Março de 2008, o povo tibetano sofre dias de repressão. O continuado genocídio, a migração forçada de chineses continentais para o Tibete como forma de perverter a cultura local, a introdução forçada do ateísmo, a imposição política do imperialismo comunista à vontade popular maioritária são as novas formas de tortura contemporâneas. Estas são também as contradições de um mundo que diz tender para a democracia, duma grande potência que ainda elege um líder com 99,7% de aprovação e que acolhe dois sistemas tão cruéis e injustos como o comunismo e o pior capitalismo.
Acredito na queda do comunismo chinês como aconteceu ao russo. Acredito que o crescimento chinês não é sustentável e que a inflação de 8,7% vai começar a fazer estragos. Acredito na luta de Dalai Lama, que trará a independência ao seu povo, mesmo que tenha de incorporar a tradicional paciência chinesa. A nós compete-nos rezar e apoiar a luta do prémio Nobel em 1989, o 13º Dalai Lama, como fizemos com Timor-leste.Nota: Leiam o livro ou vejam o filme "7 anos no Tibete"
António Granjeia*
Director do Jornal da Bairrada