PARQUE DE VIATURAS GASTO E FALTA DE JOVENS MARCAM 75º ANOS

A três dias de completar 75 anos de vida, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Anadia (AHBVA) vê-se confrontada com alguns problemas que Mário Teixeira, presidente da direcção, garante não irão afectar as comemorações ou a vida da associação.

É que, embora faça um balanço muito positivo da vida da associação, a verdade é que esta se debate com falta de "sangue jovem", um parque automóvel velho e gasto e a necessidade de um novo quartel, que permenece um sonho difícil de concretizar.

Jovens pouco receptivos à causa. Ligado à corporação desde a década de 70, recorda, com emoção, a caminhada de sacrifícios mas também de muitas alegrias, não esquecendo, em data de aniversário, os quatro bombeiros falecidos, na década de 80, no incêndio de Castanheira do Vouga.

"Passámos de um corpo com todo o tipo de carências a um corpo de bombeiros com várias equipas especializadas na área da saúde, fogo florestal, industrial, desencarceramento e salvamento em grande ângulo, por exemplo", refere Mário Teixeira, presidente dos Voluntários de Anadia vai para duas décadas.

Presentemente, integram o corpo activo da corporação cerca de 90 homens, reconhecendo o presidente a dificuldade em cativar sangue jovem para a corporação.

"A entrada de novos elementos não se faz com a rapidez desejada, o que nos deixa algo apreensivos", admite. Já em matéria de recursos materiais, a situação não é melhor. A média da idade de viaturas ronda os 15 anos e o desgaste dos milhares de quilómetros é grande, sobretudo nas que estão afectas ao combate de fogos florestais.

No total, a corporação tem 35 viaturas operacionais, das quais a mais recente (viatura para fogo urbano) tem apenas dois anos.

A JB, Mário Teixeira reconhece como maior carência a renovação do parque automóvel e das viaturas de transporte de doentes, afecta ao serviço de saúde. Contudo, em data festiva a corporação vai conseguir inaugurar duas ambulâncias de transporte de doentes. Um investimento que rondou cerca de 80 mil euros. "Isto não significa um aumento de material mas uma mera substituição do velho", acrescentou.

Campanha de angariação de fundos. Urgente é também a aquisição de uma ambulância de socorro. Uma carência que levou a AHBVA a levar a cabo uma campanha junto das instituições de crédito do concelho com o objectivo de angariar fundos para a compra da viatura.

"Segundo os nossos cálculos se cada uma das nove instituições de crédito existentes no concelho nos der cinco mil euros podermos comprar a viatura que tanta falta nos faz", diz Mário Teixeira evidenciando que a receptividade é positiva tendo a Caixa de Crédito Agrícola já contribuído para esta causa. "Se as outras também colaborarem, durante 2009 podermos comprar a ambulância", admite.

Com cerca de cinco mil associados, a AHBVA viu-se também obrigada a adiar o seu maior sonho - o novo quartel. Devido a alterações na legislação a AHBVA está, neste momento, em colaboração com a autarquia anadiense, a trabalhar no sentido de ultrapassar alguns condicionalismos, levando a cabo "démarches" junto de algumas entidades.

Mário Teixeira diz também que a corporação gostaria de sentir um maior apoio da população, muitas vezes ausente da vida da associação.

Importantes apoios.De falta de apoio da Câmara a AHBVA não se pode queixar. A autarquia disponibiliza quatro homens em permanência no quartel e, há dois anos, ofereceu uma ambulância à corporação tendo anteriormente colaborado na aquisição do carro para fogo urbano, cujo valor atingiu os 50 mil euros, assim como suportou metade dos encargos com a aquisição de fatos de protecção individual para fogos urbanos e industriais. Isto para já não falar na oferta dos terrenos para a implantação do novo quartel.

Mas, numa altura de grandes alterações na área da Saúde, a corporação anadiense sente - e de que maneira - essas alterações, quer no desgaste das viaturas, quer no tempo elevado nas deslocações, quer no constrangimento que essa situação causa à AHBVA.

"O serviço na área da Saúde mantém-se, só que, com o encerramento do serviço de Urgências do Hospital de Anadia, as deslocações fazem-se agora para o Hospital de Aveiro ou de Coimbra, o que obriga a deslocações maiores, que demoram o triplo do tempo", diz. Situação agravada se pensarmos que estes serviços são pagos pela ARS ou pelo INEM a 120 dias.

Futuro com mais profissionalismo. Quanto ao futuro, os votos são de um quartel novo que responda às necessidades actuais de uma corporação moderna e profissionalizada.

Para já, existe a garantia de que, no ano de 2009, poderá estar em funcionamento um grupo EIP - Equipa de Intervenção Permanente. Uma equipa constituída por cinco homens em permanência, cujo vencimento é suportado pela Câmara Municipal e pela ANPC - Autoridade Nacional Protecção Civil.

Catarina Cerca

catarina@jb.pt
Diário de Aveiro



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