CAMPEONATO DIGNO COM PARCOS RECURSOS

A Associação Desportiva Recreativa e Cultural da Ribeira/Azenha começou tarde a planificação da nova época. Dificuldades em arranjar uma direcção foi o principal problema. Inicialmente, o clube apontou baterias a uma Comissão Administrativa, mas em cima da hora, Carlos Santos prontificou-se a avançar como presidente e a solução foi resolvida com a constituição de uma direcção com alguns elementos que têm dado o seu contributo nos últimos anos.

Com objectivos humildes no campeonato distrital da 2.ª Divisão - Série D, uma das prioridades da Ribeira/Azenha é que os 19 jogadores que fazem parte do plantel criem uma verdadeira família, um grupo de amigos e que tenham prazer em jogar futebol.

Para o treinador, Jorge Rameiras, a grande prioridade é estruturar o clube em termos disciplinares e que as pessoas possam ver um clube correcto e disciplinado.

Olhar para o futuro. Na ausência do presidente, Carlos Santos, foram dois jovens que, há muito, fazem parte das diversas direcções e que também jogam futebol, que falaram sobre a realidade actual do Ribeira/Azenha: Rui Mota, vice para as actividades desportivas, e Dinis Torres, director desportivo.

O primeiro desabafo foi que na direcção são sempre os mesmos elementos. "Era necessário mais gente, uma maior sensibilização das pessoas da terra. É importante esquecer o passado e olhar para o futuro, para que o clube ande para a frente numa só direcção", frisou Dinis Torres.

Os dois dirigentes não esquecem o papel do anterior presidente, Manuel Augusto Seabra: "Fez um grande trabalho nos anos que esteve à frente do clube. Foi ele que trouxe de volta o futebol 11 à Azenha e, enquanto teve forças, deu o corpo às balas. Algumas adversidades por que passou, o próprio cansaço do cargo que ocupava, tornou-se um bocado complicado e resolveu sair".

Mesmo com um orçamento reduzido (10 mil euros), a direcção sente alguma falta de receptividade das empresas no apoio ao clube. Rui Mota deixou um exemplo: "Já nos aconteceu bater à porta de dez empresas e só uma se mostra disponível em ajudar."

O clube conta com o apoio da empresa Alcides Henriques (patrocinador principal), Cosme & Gomes, Talhos Rui Mota, Câmara Municipal de Anadia, Junta de Freguesia de Vilarinho do Bairro, publicidade estática, bar da sede social, sócios e amigos do clube.

No intuito de criar outras fontes de receita, a direcção pretende rentabilizar o pavilhão e levar a efeito algumas festas para angariação de fundos. Os jogadores apenas recebem prémio de jogo e comida de faca e garfo no final dos treinos e jogos.

No campo das infra-estruturas, como o orçamento é limitado, a direcção não pretende meter-se em grandes aventuras. A melhoria dos balneários e o arranjo da canalização do pavilhão são duas lacunas que os dirigentes irão tentar resolver durante a época.

Quase sempre com um discurso marcado pela humildade e conscientes da realidade da Ribeira/Azenha, Rui Mota e Dinis Torres abordaram os objectivos desportivos do seguinte modo: "Queremos fazer um campeonato digno, do 9.º lugar para cima, e tentar familiarizar os jogadores ao clube. O grande objectivo é o jogador se sentir em casa, nos treinos e nos jogos. Temos 19 jogadores no plantel e podemos dizer que somos quase uma família, todos amigos."

Ainda neste capítulo, Dinis Torres reforçou que "há dificuldade em arranjar jogadores que tenham gosto de jogar futebol e que sintam a camisola. Este ano, arranjámos um grupo de amigos, que jogam futebol por prazer".

Já Rui Mota aflorou essas dificuldades com a proximidade dos clubes, se calhar financeiramente melhores do que a Ribeira/Azenha, o que dificulta ter mais jogadores.

Sobre os novos moldes do campeonato, os dois dirigentes concordam com a extinção da 3.ª Divisão, mas que o novo campeonato devia ser dividido em três zonas (Norte, Centro e Sul), pois, na sua opinião, seria mais equilibrado e competitivo. "O campeonato tem apenas 24 jornadas, há muitas paragens e é difícil arranjar equilíbrio na equipa por falta de competição", referiu Dinis Torres.

Disciplina. Jorge Rameiras treinou o Samel, Mamarrosa e ADREP (Futsal), sempre com o objectivo de ajudar os clubes por onde passou. Agora, quer seguir a carreira de treinador "a sério", como disse, acrescentando que "o futuro é que me vai dizer se vai ser ou não, se tenho ou não condições para seguir a carreira de treinador".

Questionado se o Azenha era o clube ideal para começar essa carreira a sério, Jorge Rameiras disse: "Sempre gostei de disciplina. Na última época, o Azenha foi um dos clubes mais indisciplinados na AFA. A minha primeira intenção é estruturar o clube em termos disciplinares. Depois que as pessoas acreditem que o Azenha é um clube que pode ser o futuro de um jovem para jogar futebol, e que vejam também o Azenha como uma equipa correcta e disciplinada. Espero que os árbitros não tenham medo de vir à Azenha. Enquanto for treinador do clube, serão sempre respeitados."

No que diz respeito aos objectivos, o técnico diria que "o Azenha não tem grandes objectivos. O objectivo é sempre o próximo jogo. Vamos tentar fazer o melhor possível. É um clube que vem da 3.ª divisão, e neste campeonato a maior parte dos clubes tem as suas estruturas montadas. Não podemos exigir nada, não pagamos, é um plantel curto, é difícil para um treinador, quando conta com 11/12 jogadores num treino, pois quatro estão a estudar na Universidade."

Jorge Rameiras tem outras prioridades: "Pretendo estruturar o clube noutras áreas, incutir outra mentalidade aos jogadores, para que o Azenha possa voltar, no bom sentido, a ser aquilo que foi no passado. Acredito que, se me derem tempo, vou fazer com que o Azenha volte a ser um clube falado, a nível distrital."

Sobre o novo figurino do campeonato da 2.ª Divisão, Jorge Rameiras diz que é o ideal, mas devia ter apenas três séries: "Seria mais equilibrado e competitivo, porque tinha mais equipas e mais receitas. Mas é preferível esta divisão, pois na terceira não havia competição."

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Plantel

Guarda-redes: Henrique, Nuno (ex-Sosense) e Pedro Jesus (regresso).

Defesas:Filipe Pinho, Fernando Alves, Dinis, Peixoto e Luís Ribeiro (ex-Couvelha).

Médios:Rui Mota, Morais, Pimenta, Gala, Pedro Dias, Ruben, Adriano (ex-júnior do Marialvas) e Daniel (1.ª inscrição).

Avançados:Fredy, Vitinho (ex-Couvelha) e Miguel Angel (ex-Mamarrosa).

Treinador:Jorge Rameiras

Treinador adjunto: Fernando Alves

Manuel Zappa

zappa@jb.p
Diário de Aveiro



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