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28-03-2011

Ciclo de Conferências “Aveiro à Conversa” abordou o processo de certificação dos Ovos Moles.


A Mesa da Assembleia Municipal de Aveiro, deu inicio, na passada quinta-feira, ao Ciclo de Conferências “Aveiro à Conversa”, com a ...

A Mesa da Assembleia Municipal de Aveiro, deu inicio, na passada quinta-feira, ao Ciclo de Conferências “Aveiro à Conversa”, com a temática “O processo de certificação dos Ovos Moles de Aveiro e a sua importância regional e nacional”.

A primeira conferência centrada "num dos ex-líbris da cidade e da região de Aveiro e um dos produtos mais tradicionais e simbólicos da cultura, história e gastronomia conventual de Aveiro", decorreu no auditório do edifício sede, em parceria com a Universidade de Aveiro e a Associação de Produtores dos Ovos Moles de Aveiro (APOMA). A iniciativa contou com a presença do Presidente da Assembleia Municipal de Aveiro, Miguel Capão Filipe, com o Reitor da Universidade de Aveiro, Manuel António Assunção, e a moderação do professor universitário e deputado municipal, Manuel António Coimbra.

Na abertura da conferência, Miguel Capão Filipe, referiu o interesse que este projecto encerra para “o contributo na aproximação dos aveirenses com a sua comunidade científica e com a sociedade local e regional”. Por outro lado, Manuel Assunção, referiu “a importância da parceria da Universidade de Aveiro com a Assembleia Municipal e com esta iniciativa, reforçando o papel académico e científico da instituição” e “permitindo reafirmar que a Universidade de Aveiro também é parte integrante da cidade e da região”.

Esta primeira conferência “Aveiro à Conversa” centrou-se na apresentação dos pressupostos e na importância da certificação de um produto que, nas palavras de Patrícia Naia da APOMA, é “o resultado perfeito da interacção do Homem com o meio socio-económico e demonstra a espantosa capacidade do Homem construir a História”. Uma história que remonta ao século XVI e centrada no Convento de Jesus (actual Museu Nacional Santa Joana - Aveiro), à data usando-se a recita conventual dos ovos moles como remédio na convalescença de doentes. No século XIX surge a “laicização” da doçaria com a abertura, em 1856, da primeira confeitaria em Aveiro a comercializar os Ovos Moles de Aveiro (a Casa Costeira) e regista-se a notoriedade do produto com referências na literatura, por exemplo, de Eça de Queiroz na “A Capital” e “Os Maias”. Foi face a esta notoriedade e à importância social e histórica dos Ovos Mole de Aveiro que surgiu a necessidade criar a associação de produtores e proceder á certificação deste produto tradicional, processo que demorou cerce de 11 anos a concluir (entre 1998 e 200). Registe-se o facto de esta ser a primeira doçaria conventual a ser reconhecida e certificada no espaço comunitário europeu.

A característica exigida para o reconhecimento da certificação de um produto tradicional (indicação geográfica protegida) está ligada à história do produto e ao local que lhe dá o nome, a uma forte ligação com essa mesma região, de tal forma que é possível provar que a qualidade do produto é influenciada pelos solos, pelo clima, pelas raças dos animais ou pelas variedades vegetais e pelo saber fazer das pessoas dessa área.

A necessidade de certificar um produto tradicional como os Ovos Moles de Aveiro surgiu da percepção da adulteração no mercado do doce conventual típico da região, promovendo a autenticidade, a qualidade, a valorização económica da região, bem como potenciar o valo acrescentado do produto com claros benefícios para o consumidor. A conferência sobre a certificação dos Ovos Moles de Aveiro serviu igualmente para desmistificar o consumo da doçaria, já que as análises bioquímicas e químicas do doce comprovam que este apenas comporta cerca de 60 Kcal contra as 200 Kcal de um tradicional pastel de nata ou as 450 de um croissant.

Nesta data são cerca de 26 os estabelecimentos certificados e autorizados a produzirem ou venderem a marca “Ovos Moles de Aveiro”, num total anual de 75 toneladas de produto vendido que se traduz numa receita, ao ano, de cerca de 1,3 milhões de euros. Daí que seja uma preocupação constante a verificação e controle sistemáticos do cumprimento das características, qualidade, veracidade e especificações técnicas.

A Associação de Produtores dos Ovos Moles de Aveiro (APOMA) foi legalmente constituída em 4 de Outubro de 2000 e tem como principais objectivos a protecção da marca “Ovos Moles de Aveiro”, o garante da genuinidade da receita e modo de fabrico do tradicional doce conventual, e a criação de uma dinâmica colectiva entre os seus associados de forma a ser possível atingir novos e mais exigentes mercados.

No final da conferência, o moderador António Manuel Coimbra lançou o desafio às instituições e à comunidade aveirense para a criação de um museu dos “Ovos Moles de Aveiro”, apontando o edifício da antiga estação da CP de Aveiro como local privilegiado.

O ciclo de conferências “Aveiro à Conversa”, que terá lugar às quintas-feiras, é um projecto da Mesa da Assembleia Municipal de Aveiro, em parceria com a Universidade de Aveiro, prosseguirá no dia 19 de Maio de 2011 com a conferência direccionada para a história social e económica do Sal, na região de Aveiro.


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