É recente em Portugal (foi detectada no norte do país em 2006), mas está a avançar rapidamente para sul. Trata-se da Flavescência Dourada, uma doença exclusiva da videira, provocada por um fitoplasma que levou a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAPC), através dos técnicos da Estação de Avisos da Bairrada, a promover uma série de acções de sensibilização junto dos viticultores, alertando-os e sensibilizando-os para a existência desta grave doença que, embora ainda incipiente, é passível de repercussões económicas graves, sobretudo se não forem adoptadas as medidas necessárias.
Na região dos vinhos verdes, já obrigou ao arranque de alguns hectares de vinha e, neste momento, afecta vinhas na freguesia da Mealhada. Nas freguesias de Antes, Vacariça e Ventosa do Bairro (Mealhada) já foi capturado o insecto vector, assim como em Tamengos, Aguim e Arcos (Anadia).
A doença epidémica e de rápida disseminação transmite-se de uma cepa a outra por intermédio de um insecto vector, durante o processo de alimentação deste. Ou seja, o insecto adquire o fitoplasma da doença e sempre que se alimentar de cepas saudáveis estará a infectá-las. Por isso, é considerada “a mais importante fitoplasmose da videira pela gravidade e prejuízos que pode causar”, alertam as técnicas Anabela Andrade, Madalena Neves e Isabel Magalhães, da Estação de Avisos da Bairrada/DRAP Centro durante uma das sessões para viticultores realizada na última segunda-feira, na sede da Junta de Freguesia da Vacariça.
As técnicas da Estação de Avisos da Bairrada deram ainda a conhecer que a doença pode também ser propagada através da utilização de material vegetativo infectado (porta enxertos, garfos e enxertos prontos) pelo que recomendam o uso de material vegetal com garantia sanitária. A par destas medidas, e no sentido de uma protecção máxima contra a Flavescência Dourada, referem-se em sua complementaridade “o arranque e destruição de plantas doentes”, facto este que é obrigatório por lei e “a queima da lenha de poda” (para eliminar os ovos postos pelo insecto).
A doença na região. A doença está confirmada na Bairrada, desde 2010. Ainda que a vindima deste ano não esteja comprometida, a verdade é que o insecto vector já foi detectado em quatro freguesias do concelho da Mealhada (Mealhada, Antes, Vacariça e Ventosa do Bairro) e em três do concelho de Anadia (Aguim, Tamengos e Arcos). A doença, essa, até ao momento, apenas foi confirmada na freguesia da Mealhada, onde “foram aplicadas as medidas com vista à erradicação da mesma, nomeadamente o arranque e destruição das plantas infectadas”, revelaram as téncicas.
“As videiras infectadas com Flavescência Dourada podem deixar de produzir na totalidade ou morrer”, alertam, sublinhando também que “as plantas infectadas serão sempre portadoras da doença, constituindo sempre um factor de risco de alastramento da doença”.
Tratamentos. Segundo Anabela Andrade, Madalena Neves e Isabel Magalhães, da Estação de Avisos da Bairrada/DRAP Centro, importa consciencializar os viticultores, no sentido de evitar o aparecimento de novos focos da doença e conter a dispersão do insecto vector. Por isso, a importância destas acções que já passaram por Tamengos.
Segundo revelam, o fitoplasma “pode ser controlado por tratamento insecticida com os produtos homologados de acordo com circulares emitidas pelo Serviço Nacional de Avisos Agrícolas”. Neste contexto, aconselham os viticultores a estarem atentos às circulares da Estação de Avisos da Bairrada.
Quanto ao período do ano mais crítico do ciclo vegetativo da videira, dizem ser coincidente com características inerentes ao ciclo de vida do insecto vector, mas sobretudo os meses de Junho, Julho e Agosto. Aliás, “especialmente a partir do mês de Junho, os viticultores deverão estar atentos às circulares da Estação de Avisos da Bairrada”, sublinham, adiantando igualmente que “devem ainda proceder ao arranque e destruição obrigatória das cepas infectadas, de forma a diminuir os focos de infecção e nas regiões onde se verifique simultaneamente a presença do insecto vector e da doença, proceder à realização obrigatória de tratamentos insecticidas com os produtos homologados e nas alturas apropriadas, de acordo com as circulares emitidas pelo Serviço Nacional de Avisos Agrícolas”. Qualquer suspeita da presença desta doença na vinha ou do insecto vector deve ser comunicada aos serviços da DRAP Centro.
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