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27-09-2010

Especialistas debatem na UA como eliminar as diferenças de género



Especialistas reunidos na Universidade de Aveiro debatem esta segunda feira as diferenças de género no sector do turismo, realidade que atribuem sobretudo aos países latinos e do mediterrâneo, e que consideram isenta de sentido tanto ética como economicamente.

Do encontro deverão resultar soluções para “um problema que é real, mas, nesta altura do século XXI, já não tem razão de ser”, defende Carlos Costa, docente do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro, e coordenador da equipa que vem estudando o tema no âmbito de um projecto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, e pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.

Para Carlos Costa, questionar as diferenças de género impõe-se por dois grupos de razões – um de natureza ética e outro de natureza económica – e há que reflectir sobre o assunto para assegurar o aproveitamento de recursos humanos que é indispensável ao progresso do sector.

Na perspectiva ética, esse estudioso defende que “hoje não faz sentido que haja diferenças na abordagem e até na situação salarial entre géneros, o que, lamentavelmente, continua a verificar-se no turismo, com a generalidade das mulheres a terem salários mais baixos do que os homens e a ocuparem cargos profissionais que são mais laterais e exigem um grau de especialização inferior”.

Quanto à vertente económica do problema, o docente da Universidade de Aveiro defende: “Numa lógica de mercado também não há razão para que continue a haver diferenças entre os géneros, porque o sector tem é que aproveitar todo o potencial dos seus recursos humanos e um dos passos para o crescimento é precisamente a utilização de todas as capacidades das mulheres”.

Para Carlos Costa, “não faz qualquer sentido que as mulheres não consigam ascender a posições de chefia no turismo, sobretudo quando se sabe que, hoje em dia, as salas de aula têm mais senhoras do que homens, são elas os melhores alunos da turma e também são elas que ganham mais bolsas de investigação”.

O cenário não é, contudo, exclusivo de Portugal. Carlos Costa garante que “nos países latinos e da bacia do Mediterrâneo este tipo de desigualdade é muito acentuada”, só se atenuando à medida que se avança para território escandinavo.

O seminário “As questões de género (sexo feminino vs. sexo masculino) no sector do turismo” realiza-se esta segunda, a partir das 09:30, na Sala dos Actos Académicos da Universidade de Aveiro.

Da lista de oradores convidados para o evento consta a secretária de Estado da Igualdade, Elza Pais, e a presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, Sandra Ribeiro. Outras opiniões esperadas são as de Sara Falcão Casaca, presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, e Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal.


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