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27-11-2010

Solidariedade é a palavra de ordem em Tamengos



O Centro de Dia, do Centro de Bem-Estar Social de Tamengos, abriu em Abril deste ano. Para já, o balanço é muito satisfatório. Frequentam-no 17 utentes, tendo sido já solicitado, à Segurança Social, o alargamento para mais 15 utentes.
A actividade desta instituição reparte-se pelo apoio à infância (ATL) e à terceira idade (Centro de Dia). Contudo, nem tudo é um mar de rosas e Patrícia Carrilho, directora-técnica da instituição, sente que é cada vez mais difícil às IPSS prestarem um verdadeiro serviço de solidariedade social.

Espaço seguro e acolhedor. A valência é, sem dúvida, uma mais-valia para a freguesia e para a população idosa que durante o dia estava mais desprotegida. A adesão à valência foi excepcional e a responsável recorda que, nos primeiros meses de funcionamento, o número de utentes duplicava todos os meses, dando conta que aqui são como uma pequena família, unida e apesar de não ter a valência de Apoio Domiciliário, ao final de semana entrega refeições a oito utentes. “Aqui, luta-se contra a solidão e isolamento, proporcionando momentos felizes, mantendo os idosos activos e em convívio”, acrescenta. Todavia, lamenta que as IPSS atravessem momentos difíceis, já que poucas são aquelas que têm condições monetárias para acolher os utentes sem olhar às muitas despesas diárias e às magras comparticipações do poder central. “Quando começarem a cortar nas comparticipações, teremos de negar serviços, caso contrário, a instituição não sobreviverá”, diz, lamentando ainda não poder aceitar mais idosos (inscritos em lista de espera), apesar do Centro ter instalações para tal.
“Aguardamos resposta da Segurança Social para aceitar mais utentes. Seria uma enorme injustiça estar a cobrar aos utentes preços distintos, por terem ou não comparticipação”, destaca.

Pais devem escolher. Mas o Centro de Bem-Estar Social de Tamengos começou a sua actividade há vários anos com o ATL (Actividades Tempos Livres) para as crianças que frequentavam a escola primária da freguesia. Primeiro, nas instalações da própria escola, agora em novas instalações, junto ao Centro de Dia, alugadas também à Câmara Municipal de Anadia. O ATL é frequentado por 35 crianças, com idades compreendidas entre os 6 e os 11 anos. O espaço abre às 7h30 para acolher as primeiras crianças e só encerra às 19h quando os pais as recolhem no final de mais um dia de trabalho.
Contudo, Patrícia Carrilho olha para esta valência com um sentimento de profunda tristeza, indignação (face ao presente) e angústia (quanto ao futuro).
Cumprindo todas as exigências da Segurança Social, foi criado um espaço acolhedor e seguro para os mais pequenos. No entanto, considera um abuso e uma falta de respeito pelas instituições o facto do trabalho que desempenham no ATL ter sido condicionado. “Deixámos de poder fazer o trabalho que fazíamos até aqui. Agora, só podemos ter as crianças das 17h30 às 19h, ou seja, desde o final das AEC (actividades enriquecimento curricular) até ao momento em que os familiares as recolhem”.
Patrícia Carrilho não compreende como se exige tanto das instituições e depois venham impor novas regras de trabalho. A responsável confirma que são vários e os pais e encarregados de educação descontentes com a forma como estão a funcionar as AEC e que por sua vontade os filhos, às 15h30, ou seja, no final do período lectivo, iriam para o ATL do Centro. “Temos pais que até não se importam de pagar o que for necessário, sem comparticipações estatais, mas não podemos aceitar as crianças antes das 17h30. Estamos impedidos”, explica. Por isso, diz que “o que estão a fazer às crianças é uma violência, é anti-pedagógico e muitas destas crianças andam transtornadas e demasiado ansiosas”, revelando que quando recolhiam as crianças na escola, às 15h30, estas geriam muito melhor o tempo: lanchavam, faziam os trabalhos de casa da escola e brincavam. “Havia tempo para tudo. Agora, é uma correria pois, como só saem às 17h30, não têm tempo para nada”, diz.
Situações de stress e ansiedade para filhos e pais. Por isso, entende que as IPSS deveriam unir-se e lutar contra este estado de coisas, já que o serviço prestado, em termos de ATL, é útil e necessário às famílias.
Quanto à relação com a população local, diz ser boa e que se sentem acarinhados e queridos por esta. Com cerca de 240 sócios, o Centro Social está já a preparar aquela que será a primeira Ceia de Natal do Centro de Dia. Terá lugar no dia 23 de Dezembro, pelas 19h30.
Entretanto, amanhã, dia 26, a partir das 21h45, haverá uma noite de fados para angariação de fundos a favor do Centro de Bem-Estar.

Catarina Cerca


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