Os bons sentimentos de um ladrão que o Tribunal de Anadia condenou, na tarde de ontem, a quatro anos e meio de prisão pelo crime de roubo, valeram-lhe a suspensão da pena.
O arguido, que foi punido por, juntamente com outros indivíduos, ter roubado e sequestrado uma funcionária das Caves de Vinho Aliança, encontra-se, actualmente, a cumprir pena de prisão efectiva por um outro crime, mas, por este, não irá para a cadeia. Isto porque, nas palavras do presidente do colectivo de juízes que esteve a julgar o caso, “revelou sentimentos pouco usuais nas pessoas que praticam roubos”, ao demover os comparsas de manterem, com a mulher, contactos de natureza sexual e se certificar que, após o incidente, “a vítima se conseguia orientar de forma a encontrar o caminho de casa”. Antes de a abandonar, ainda lhe restituiu a aliança de casamento e um telemóvel que lhe tinham sido retirados.
Ainda assim, o juiz Jorge Bispo não deixou de criticar a actuação do arguido, que classificou de “bastante censurável”. “A ofendida passou momentos de terror e certamente ficou muito traumatizada”, referiu, explicando que “os tribunais sentem necessidade de aplicar penas severas para esses crimes”, o que só não sucedeu neste caso dadas as “preocupações dignas de realce” do arguido.