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09-05-2012

“EUA é bom para ganhar dinheiro, mas o dinheiro não é tudo”



A história de Soraia Mendes reflete um destino comum a muitos jovens que gostariam de lecionar em Portugal mas, infelizmente, não conseguem. Há poucas semanas, contámos uma história semelhante, da jovem Joana Cunha, que migrou para a ilha da Madeira, para poder ser aquilo que sempre sonhou: professora.
Mas o percurso além-fronteiras de Soraia Mendes começou bem cedo, tinha esta bairradina de Tamengos apenas dois meses. Cresceu nos EUA, naturalizou-se cidadã americana, mas regressou a Portugal com 12 anos. “Fiz o ciclo em Anadia e depois tirei a licenciatura de Inglês e Alemão na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra”, conta Soraia Mendes. Um ano depois de lecionar na Escola Secundária de Penacova, decidiu voltar aos EUA. “A vida de professor em Portugal é bastante complicada. Não há estabilidade”, justifica. Hoje, com 28 anos, dá aulas de inglês numa Secundária de Newark, New Jersey, e é inclusive professora de muitos bairradinos.
Como coordenadora dos “Future Teachers of America”, treina alunos que ambicionam ser professores e percorre várias escolas “para que estes possam dar aulas aos mais pequenos”. É também coordenadora e responsável pelo “senior class” (finalistas mais de 35 anos). Dá aulas no mesmo liceu há cinco anos e já efetivou. Tirou o mestrado em Administração Educacional, pois tenciona ser diretora de uma escola. Continua a estudar, pois o próximo passo é o doutoramento.

“Quero que a minha filha adore Portugal como eu.”

Apesar de Portugal não oferecer grandes oportunidades a quem segue a via ensino, Soraia Mendes considera que, a nível de Educação, “é um país bastante avançado e com um sistema rigoroso. Contudo, não oferece oportunidades para que os novos licenciados apliquem o conhecimento adquirido durante os vários anos de estudo. Tenho pena, pois tenho bastantes colegas que se formaram há sete anos, mas ainda não arranjaram uma colocação. Há muitas promessas por parte dos políticos, mas vê-se pouco feito”.
Ainda assim, a bairradina adora o seu país, que visita todos os anos. Aqui residem os pais, Floriano e Ilda Mendes, nossos assinantes, e as avós, Elvira e Maria. Esteve recentemente em Portugal, para batizar a filha, e novamente duas semanas depois, porque o avô Alberto, “que tanto adorava”, faleceu repentinamente.
Tenciona visitar Portugal com mais frequência, porque quer que a sua bebé, Rania, que também tem dupla nacionalidade, “adore Portugal como eu”.
Quem pensa emigrar para os EUA, “só legal [com documentos] e tendo bom conhecimento da língua”. “Há muitas pessoas que vêm para aqui a pensar que tudo é fácil, mas só ganham para o dia a dia. Se é para isso, mais vale ficar na nossa terra”, realça Soraia Mendes. Portugal, admite, “é bastante pequenino, mas é um país maravilhoso para viver e gozar a vida. A proximidade com a natureza e a ausência de stress fazem deste país um éden”.
A vontade de Soraia é regressar definitivamente em breve, com o marido Miguel e a filha. “EUA é bom para ganhar dinheiro, mas o dinheiro não é tudo. Há que gozar a vida junto de quem mais amamos.”
Oriana Pataco


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