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21-05-2012

“Mais tarde ou mais cedo, a ponte vai ter de ser construída”


Entrevista a Manuel António Coimbra, líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal de Aveiro

O líder da bancada social-democrata surge em defesa daquela que tem sido a actuação de Élio Maia. Sobre uma eventual candidatura de Ribau Esteves à autarquia aveirense, diz que, “neste momento, será muito deselegante estarmos a colocar essa hipótese”

. Integra a Assembleia Municipal de Aveiro (AMA) há já 23 anos…
É verdade. Quer dizer que passei quase tanto tempo fazendo parte da Assembleia como estando fora dela. Entrei para a Assembleia com 26 anos, na altura por indicação da JSD, e, desde essa altura, tenho-me mantido. Faço de cada mandato um mandato único, ou seja, nunca estou à espera de ser convidado para o mandato seguinte, porque acho que o meu trabalho se esgota quando acaba o mandato. O meu partido tem entendido que eu devo continuar e, enquanto eu tiver capacidade e disponibilidade para isso, terei todo o gosto em continuar nestas funções.
Mas parece-me que no final deste mandato poderá chegar, finalmente, a altura de fazer outras coisas que são também importantes na nossa sociedade.

. Outras funções políticas, por exemplo?
Em princípio não. Até porque, a minha vida passa muito pela Universidade de Aveiro, onde sou professor e faço investigação. Tenho muitos alunos para formar e gosto muito dessa participação cívica.

. Como tem sido integrar vários elencos da Assembleia?
As Assembleias são sempre diferentes e têm dinâmicas distintas, dependendo muito do perfil das pessoas que as integram. Há oratórias diferentes, formas de pensar diferentes. E eu acho isso muito interessante.
A AMA tem sempre aquela função de fiscalização. Por isso, somos chamados muitas vezes a dar a nossa opinião sobre assuntos que são importantes para o município. Mas, como é óbvio, nós não vivemos o dia-a-dia do município. Quem o faz são os vereadores, o senhor presidente da Câmara e os técnicos da autarquia. Estando nós mais distantes desta vivência do dia-a-dia, somos chamados a dar a nossa opinião, o que até é interessante. Estando mais afastados do centro de decisão, por vezes temos uma visão que pode ser complementar e ser diferente.

. Alguma fez foi convidado, ou sentiu-se tentado, a integrar o Executivo da Câmara?
Sempre que há eleições, o meu partido equaciona várias possibilidades. Essa questão já me foi posta várias vezes. Mas, de maneira nenhuma, eu podia aceitar esse desafio nesta fase da minha carreira profissional. Porque é na UA que eu gosto de estar e não equaciono fazer outra coisa que não seja ser professor universitário.

. Há algum tempo evidenciou-se uma falta de união entre a bancada do PSD e a do CDS-PP. Esse problema está ultrapassado?
O problema não está ultrapassado porque nunca foi um problema. O que acontece é que uma coligação é feita por dois partidos diferentes. Têm convivido num ambiente de aprendizagem mútua e convívio mútuo. Às vezes, têm posições diferentes, mas é preciso respeitar isso. Normalmente, procura-se que essas posições diferentes não aconteçam em assuntos fracturantes ou fundamentais para o município. Mas penso que, nesses assuntos, a coligação tem estado de acordo.

. Esses problemas que aconteceram na Assembleia não terão sido também reflexo daquilo que aconteceu no seio do Executivo e que culminou com as alterações na vereação?
Pois. Mas isso foi ao nível do CDS-PP. No PSD também houve problemas com uma vereadora, mas não houve problema nenhum ao nível da bancada. No CDS esses problemas acabaram por se reflectir a nível da bancada, mas parece-me que já foram resolvidos.

. Acha que a vereadora do PSD em questão (Ana Vitória Neves) devia ter-se demitido?
Sobre isso, o que eu posso dizer é o que faria se estivesse no lugar dela. Eu sinto-me representante do PSD e, por isso, sinto que se estou na Assembleia Municipal é como representante do meu partido. Se eu tivesse uma posição diferente da do meu partido isso significaria que eu já não estava a representar o PSD. Poderia alegar que as pessoas votaram em mim, mas é preciso um pretensiosismo muito grande para acreditar que alguém está a votar em mim ignorando que está a votar no PSD. Por isso, se fosse eu a estar nesse lugar, não via outra hipótese que não fosse sair.
A lei dá a abertura para as pessoas continuarem e, como o PSD é um partido democrático, acabou por respeitar a decisão da senhora vereadora e ela continua a exercer o seu mandato.

. Neste mandato, em particular, tem-se notado uma maior intervenção do público nos trabalhos, mas quase sempre a reclamar com a Câmara…
É verdade, mas isso também faz parte. Não é normal na nossa sociedade as pessoas gabarem algo que esteja bem. E os protestos também são importantes.
Agora, o que eu acho que era importante, e isso também é uma questão de cultura autárquica, é que as pessoas deviam ser avisadas de que há determinado tipo de problemas que podem ser muito melhor resolvidos por uma Junta de Freguesia do que propriamente pela Assembleia Municipal. Por exemplo, quando as pessoas vão à Assembleia falar de um buraco numa rua ou em passeios, deveriam ser informadas de que este problema, muito pontual, pode ser resolvido pelo presidente da Junta de Freguesia junto do vereador do Executivo.
É sempre bom que haja participação do público. Agora, eu acho é que ela precisa de ser mais disciplinada, no sentido de podermos discutir com o público questões de estratégia e política de cidade.


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