O Movimento Cívico Por Aveiro apelou ontem à “remoção imediata” do estaleiro das obras de construção da ponte pedonal no canal central, entre o Rossio e o Alboi. O repto do grupo de cidadãos é dirigido à Câmara atendendo ao “evidente impasse” que se verifica actualmente na empreitada, uma vez que já decorreram “várias semanas” desde que a empresa construtora desistiu da obra.
A firma vencedora do concurso público aberto pela autarquia - Ar Lindo, de Braga - “comprometeu-se” a retirar o estaleiro “no prazo de uma semana”, isto em meados de Abril, recorda o movimento cívico, intrigado com a “demora” na realização dessa operação.
Para o grupo, “a presença inútil do estaleiro penaliza de forma significativa a cidade, os cidadãos e os seus agentes económicos, sobretudo os da área do turismo”. “Numa altura de crise, deveriam ser feitos todos os esforços no sentido de potenciar e valorizar os recursos existentes (a ria), eliminando todas as barreiras que os possam penalizar”, acrescenta em comunicado.
O Movimento Cívico Por Aveiro apela ao “bom senso dos intervenientes neste processo” no sentido de “rapidamente chegarem a uma solução que defenda os interesses de Aveiro e que impeça a construção da ponte pedonal”.
Nos últimos meses, o grupo de cidadãos tem-se oposto à construção da travessia, a par com outros agentes locais, como o PS, maior partido da oposição.
Entre as iniciativas contra a travessia conta-se uma petição que recolheu mais de 3.500 assinaturas, considerando que a obra vai desvirtuar o principal canal da ria na cidade e não deve avançar na actual conjuntura económica.
“Num momento em que o país atravessa um período de particular dificuldade económica e financeira, com orientações para uma grande contenção e selectividade na aplicação de recursos públicos”, o movimento questionou como é que a autarquia do “terceiro município mais endividado do país” pretende fazer o investimento orçado em cerca de 600 mil euros.
No entanto, a maioria PSD/CDS que governa a Câmara de Aveiro não dá sinais de abdicar do projecto, incluído no programa de regeneração urbanística Parque da Sustentabilidade, alegando tratar-se do cumprimento de uma promessa eleitoral e assegurando que a ponte irá facilitar a mobilidade no centro da cidade.
Na opinião do presidente da autarquia, Élio Maia, citado pela Lusa, a contestação surgiu “tarde e a más horas”, depois de três anos em que o projecto foi divulgado por várias formas.