Assim que José Sarabando recebeu um telefonema de um amigo, pedindo-lhe para ir buscar a namorada e uma prima a Calvão, os proprietários e clientes do estabelecimento em que o homem se encontrava ficaram estupefactos. “Ele estava completamente bêbedo, alterado. Dissemos-lhe para ele não conduzir assim, mas de nada serviu”, contou a dona do café. A viagem terminaria da forma que muitos já adivinhavam: uma tragédia que resultou em três vítimas mortais e três feridos, dois com gravidade.
Cristiana Sereno, a vítima mais nova, de 14 anos, a sua prima, Marina Silva, de 26, e o condutor e dono do veículo, José Sarabando, conhecido como “Zé Gato”, tiveram morte imediata quando o automóvel dirigido pelo homem de 45 anos embateu violentamente contra dois pinheiros, na chamada estrada florestal, que liga Calvão à Gafanha do Areão, lugar pertencente à Gafanha da Boa Hora. Os meios de socorro (Bombeiros Voluntários de Vagos e INEM de Cantanhede, da Figueira da Foz e Hospital de Aveiro) já não conseguiram salvar a vida destes três sinistrados.
No mesmo carro, um Alfa Romeu, seguiam outras três pessoas - Tiago Abreu, de 19 anos, namorado de Cristiana, e um outro casal amigo, Clarinda e João Mirassol, de 24 e 42 anos, respectivamente -, que conseguiram sobreviver à colisão, cerca das 0.30 horas de ontem, numa zona com curva pouco acentuada, mas cujo piso se encontra degradado, e sem qualquer iluminação. O veículo atravessou a estrada e imobilizou-se quando chocou contra as árvores que se encontravam no sentido oposto àquele em que circulava.
Clarinda e Tiago eram os feridos que mais cuidados inspiravam. A jovem, que estava grávida de quatro meses (o pai do menino era o companheiro, João, com quem reside, na Vagueira) perdeu o bebé na sequência de um forte traumatismo abdominal que sofreu. Tiago também ficou em estado considerado muito grave. Ontem, tal como a amiga, estava internado nos Hospitais da Universidade de Coimbra, mas inconsciente, sedado, ventilado e com prognóstico reservado.
João Mirassol escapou do trágico desastre apenas com ferimentos ligeiros. O passageiro, que terá sido projectado quando a viatura entrou em despiste, e, apesar disso, ainda conseguiu telefonar a pedir ajuda, esteve em observação no Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro, e, à hora do fecho da presente edição, já recebera alta hospitalar.