"As escolas deveriam apostar mais em projectos que envolvam pequenos grupos de alunos em trabalhos mais práticos e não só na teoria do ensino massificado", é a opinião de Sérgio Ramos, docente da Escola Secundária Mário Sacramento a quem, recentemente, foi atribuído o prémio "Educador do Ano", pelo Instituto de Engenheiros Electrotécnicos e Electrónicos, uma Associação Internacional. "Existe um projecto a realizar, não estamos a pensar se o que temos de fazer vai envolver matemática, física ou química, não interessa, nós depois vamos ver as necessidades e vamos mobilizar os recursos humanos e materiais e os conhecimentos, onde quer que eles estejam, nós é que vamos depois procurar isso”, explica o professor que, quando questionado se é apologista de um novo paradigma da educação, é claro: “Sim. Creio que se observarmos o ensino nos últimos cem anos, vemos que é certo que muita coisa mudou para melhor mas se calhar muito mais devia ter mudado, quando nós vemos como são os moldes actuais das aulas. Um bom indicador disso é estar à porta da sala de aula e perguntar aos alunos, assim em entrevista/sondagem, o que acharam das aulas, muitos dizem que foram aborrecidas, havia muito barulho, não foi nada interessante, eu quero é fazer outras coisas e isto é um mau indicador, alguma coisa está mal”. Sérgio Ramos considera ainda que se poderia pensar em criar um movimento nacional de melhoria da qualidade de ensino, o "professor do ano" até compara as escolas a empresas, para sustentar a sua ideia. “As empresas não se podem dar ao luxo de ter má qualidade, não sobrevivem. Por isso há todo um espírito muito mais energético no sentido da melhoria contínua dos processos, da melhoria contínua da qualidade, da orientação para o cliente. Nós também temos o cliente que são os alunos, os pais, encarregados de educação, as empresas, a sociedade. Temos pessoas que até ficam um bocado horrorizadas quando falamos com estes termos porque pensam que este não é um sector com fins lucrativos. O nosso lucro é outro. O lucro mede-se aqui em termos de formação, de ganho pessoal, estrutura para a vida do jovem futuro adulto e futuro profissional. Há que orientar as coisas para maximizar esse valor. Estamos agora num período de férias, por exemplo. São três meses. Como é que um país destes tem os jovens três meses em férias? Quando nós sabemos que durante três meses muitos deles não vão praticar nada". Sérgio Ramos foi o primeiro português a receber o galardão de "Educador Pré-Universitário", na base do concurso está a Ciência e Tecnologia, uma área de trabalho que procura envolver os jovens cada vez mais, pois também "é certo que as sociedades desenvolvidas vão continuar a precisar de quadros técnicos nestas áreas", alerta o professor. |