A juíza Ana Joaquina atribuiu a desistência do primeiro processo de regulação parental por parte do ex-namorado ao facto de ter sido colocada no Tribunal de Família de Aveiro e não a pretensa reconciliação após um alegado encontro amoroso. Celso Mendes, irmão mais novo do advogado assassinado a tiro em Fevereiro de 2011 quando visitava a filha, à data de quatro anos, num parque em Oliveira do Bairro, tinha dito perante o Tribunal de júri que Cláudio Rio Mendes se sentira “enganado e traído”. O descontentamento levou a vítima, de 35 anos, a dirigir-se ao homicida, António Ferreira da Silva, dizendo-lhe que “era mau pai” e a filha se tinha “prostituído” com ele (o falecido). Durante o segundo dia de depoimento a juíza foi insistentemente questionada pelo advogado dos assistentes (país do falecido) e juiz presidente sobre o episódio. Ana Joaquina Carriço deu ontem como “única explicação” para o ex-companheiro desistir do processo “naquele momento” ao facto de ter sido colocada no Tribunal de Família de Aveiro, onde corria a acção para regular a disputa parental. “É coincidente”, lembrou. “Não liguei a outro episódio”, reafirmou, sem fazer qualquer relação do comentário “ofensivo, até para a própria filha” que o ex-companheiro dirigiu ao arguido devido a um pretenso jantar e noite passada num motel em que teria criado expectativas de uma reconciliação, frustradas pouco tempo depois. O requerimento de desistência do processo é assinado por ambos, o que levou o advogado dos assistentes, José Ricardo Fernandes, a encontrar “manifesta contradição” no depoimento da testemunha. A juíza não foi mais longe do que admitir que “as coisas corriam melhor” com o ex-namorado e, apesar dos “desentendimentos” se manterem, “por nunca querer marcar antecipadamente visitas”, até acedeu a acompanhar a filha com Cláudio Rio Mendes, deslocando-se ao Porto. “Considerando que os pais não admitiam a doença dele, era a forma de ter a Adriana em segurança”, explicou. A manhã da tragédia não ocupou muito tempo do interrogatório do advogado dos assistentes. Por altura da segunda visita regulada pelo Tribunal, a juíza Ana Joaquina tinha “receio” do ex-namorado, porque “dizia que ia desaparecer com a menina”. Quando deixou a filha no parque, reparou que o falecido levava 'cadeirinha' de bebé. Reafirmou não se ter apercebido do pai a fazer os disparos, nem de recordar de forma clarividente aspectos concretos do crime. Negou manter actualmente segurança privada. “Se calhar devia”, afirmou em resposta ao advogado de defesa que questionara fotografias da sua chegada ao tribunal na primeira vez que depôs. Ana Joaquina garantiu que a filha “é uma criança feliz” quando iniciou as respostas ao advogado de defesa, Celso Cruzeiro, considerando-se “profundamente chocada com a imagem transmitida da menina não interagir”. “Juízos de valor errados” que seriam transmitidos pelo ex-namorado junto de terceiros. “Falava mal de mim”, disse. Essa a explicação que encontrou para um episódio relatado por um casal de juizes, amigos do tempo da universidade, que ao deporem em Tribunal, referiram que Ana Joaquina “usava apenas” os talheres próprios, justificando a ausência num almoço em casa de ambos. Fonte: NotíciasdeAveiro |