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27-09-2012

“O turismo é um diamante ainda em bruto”



Faz sentido comemorar um Dia Mundial do Turismo?
Actualmente, há dias para tudo. Mas acho que faz todo o sentido assinalar um Dia Mundial do Turismo, até porque o turismo é uma dependência das Nações Unidas. A organização mundial do turismo é a UNWTO (United Nation World Tourism Organization). O turismo é considerado como um elemento que propricia a convivência entre os povos, a comunicação entre as pessoas e, portanto, promove a paz mundial. Importa referir que, as primeiras grandes iniciativas da área do turismo – como a Conferência de Manila – são todas elas ligadas à paz e não actividade económica do turismo propriamente dita.

Este é dos sectores mais sensíveis à crise?
Os indicadores não demonstram isso. Muito pelo contrário. Se formos analisar os números do turismo desde a II Guerra Mundial até ao secúlo XXI, verificamos que só houve uma quebra no turismo em 1987 e depois em 2001. E só a partir de 2009, com a crise da dívida soberana, é que voltámos a ter uma crise e processos de decréscimo do turismo. Mas o turismo é dos sectores económicos que mais tem crescido em termos mundiais e que mais se tem aguentado.

Como olha para esta decisão de criar uma taxa turística em Aveiro?
Acho que é um erro a todos os níveis. É um erro ao nível da economia, porque vai contrair a procura na região, e é um erro em termos políticos, porque vai quebrar uma dinâmica e uma confiança que os operadores tinham nos seus líderes. Portanto, é um erro a todos os níveis.

Ainda que a Câmara sustente que o valor a cobrar não é muito elevado, isto pode ser encarado, por parte dos turistas, como um abuso?
Claro que sim. O valor em si é residual, é pequeno. Agora, o grande problema é a mensagem que ela passa. O que o município devia fazer era, se necessitava, de facto, de fazer investimentos na área do turismo – e pressupondo que a taxa era para esse fim e não para cobrir o défice -, não cobrar uma taxa mas sim chamar os operadores para eles participem directamente nalguns custos que a autarquia tem. Nomeadamente ao nível dos ajardinamentos, da segurança, daquilo que é a promoção turística. Os operadores conseguiam, com os seus próprios recursos, cobrir as despesas inerentes a essa taxa, porque eu nem quero pensar que há uma taxa no turismo que vai cobrir o buraco orçamental na Câmara Municipal.

Esta taxa pode ser também um mau sinal que se dá a potenciais investidores?
Com toda a certeza. É por isso que não há taxas turísticas por todo o país. Eu recordo-me que, há muitos anos, a Madeira pensou introduzir uma taxa destas, mas optou por não o fazer porque a mensagem que uma taxa turística passa é extremamente negativa. E a Madeira é um destino muito especial porque tem um mercado estável e trabalha com estrangeiros para quem o valor desta taxa seria residual.


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