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18-02-2013

Entrevista a Carlos Cabral, presidente da Câmara da Mealhada



A Câmara da Mealhada encerrou vários anos, sem dívidas a fornecedores, durante o seu mandato. Qual o segredo?
Não existe segredo. Passa apenas por gerir a Câmara Municipal com o princípio elementar de não gastar mais do que se pode gastar. E esse é um princípio que se adopta nas famílias, no comércio, nas empresas.

Numa altura em que se fala tanto no endividamento das autarquias, acha que devia haver algum “prémio” para as autarquias cumpridoras?
Penso que se fala demais no endividamento das autarquias. Os 308 municípios do país estão infinitamente menos endividados que a Administração Central. Apesar de no seu conjunto as autarquias terem o rótulo de gastadoras são umas santas comparadas com as sucessivas administrações que nós temos no Estado central. Veja-se os sacrifícios que os portugueses passam e o défice está sempre a aumentar. Isto significa qualquer coisa. Significa que não é verdade aquilo que dizem: que os portugueses têm vivido acima das suas possibilidades. Pelo contrário. Os portugueses estão agora a viver muito abaixo daquilo a que têm direito e o Estado continua endividado e cada vez mais endividado. Ao nível das autarquias, verificamos que, neste momento, já são muito mais as autarquias que passaram o ano financeiramente equilibradas. Qual a vantagem que obtêm? Eu diria que a vantagem é pessoal ao nível de quem gere, porque dorme descansado e sabe que não está a criar problemas aos empreiteiros e fornecedores, porque lhes paga a tempo e horas.

Atendendo ao apoio que o Governo está a dar às autarquias endividadas, através do PAEL, gostava que fosse dada alguma benesse às câmaras que têm as contas em dia?
O Governo entende que faz boa figura apoiando câmaras que estão endividadíssimas, mas esquece-se daquelas que cumpriram. Realmente, nós vivemos num país onde, de facto, o crime compensa. E em todos os aspectos. Mesmo até no aspecto puramente criminal. Veja-se o que aconteceu no BPN.

Disse sempre que este rigor nas contas, não era sinónimo de falta de obras e projectos…
É óbvio que não. A questão está em fazer orçamentos a partir da receita e adaptarmos a despesa à receita apurada. Evidentemente, isto requer um rigor e um esforço muito grande. Mas as obras têm sido feitas, definindo prioridades. O essencial está feito e já conseguimos ir para além do que é essencial, garantindo qualidade de vida aos cidadãos. Hoje, o município da Mealhada é conhecido pela sua qualidade de vida e por aquilo de que dispõe, conseguindo fixar as populações. É comum dizer-se que somos um dormitório de Coimbra ou de Aveiro, mas não é verdade.

Tem uma identidade própria…
Temos identidade própria, as pessoas estão cá fixadas, sabem que têm tudo na Mealhada ao nível cultural, desportivo e de lazer.


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