Hoje, o Papa Bento XVI renuncia ao pontificado. Um “adeus” que apanhou o mundo de surpresa, e que o próprio Sumo Pontífice alemão justificou: “as minhas forças, devido à idade, já não são idóneas”. A notícia deixou todos perplexos, uma vez que não havia nenhuma indicação nesse sentido. Cardeal Angelo Sodano, actual número dois do Vaticano, chegou mesmo a dizer que o anúncio foi como um “raio fulminante num céu sereno”. O Papa anunciou que resigna por motivos de idade e por não se encontrar com força para exercer de forma idónea o seu ministério. "Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino", afirmou. Ficou ao critério dos cardeais decidir quando querem dar início ao Conclave, que, tudo indica, começará antes de 15 de Março, de acordo com um documento, o “Motu Proprio”, um documento publicado por iniciativa pessoal, que altera as regras que implicavam um tempo de espera de 15 a 20 dias após o fim do pontificado.
Assim sendo, a data de início do próximo Conclave vai ser determinada apenas em congregação geral de cardeais após o final do pontificado de Bento XVI, marcado para hoje.

Bispo de Aveiro agradece
“coragem e zelo”
O Bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, foi um dos muitos que se assumiu surpreendido com a decisão do Papa se resignar, embora admita, “previa uma possível abdicação do alemão Joseph Ratzinger, de 85 anos. O Papa já tinha pré-anunciado esta possibilidade num livro que escreveu sobre Jesus de Nazaré, mas não deixa de ser uma surpresa, pelo bem que realizou ao longo destes sete anos”, aponta. D. António Francisco dos Santos, que agradece a “coragem, dedicação e zelo” de Bento XVI ao longo de sete anos. D. António Francisco dos Santos considera, ainda, que, com a decisão de resignação do Papa, se abre um “caminho novo ao vigor do anúncio do Evangelho”. Palavras de esperança que espelham um misto de sentimentos: comunhão e gratidão para com o que fez; e um sentimento de acolhimento, porque “este gesto poderá abrir outros caminhos de serviço à Igreja”, afirma o Bispo, acrescentando que “nunca me esquecerei da forma como me recebeu em Roma”. O gesto de resignação é visto pelo Bispo diocesano como “um gesto muito raro”, lembrando que o último Papa a resignar terá sido Gregório XII.