O número de idosos em Portugal duplicou nos últimos 40 anos. Há hoje 2 milhões de idosos e o número de jovens caiu para metade. Uma inversão que faz de Portugal um dos países mais envelhecidos do mundo. Para Maria João Valente Rosa, diretora do projeto Pordata, base de dados sobre o Portugal contemporâneo, o envelhecimento em si não é mau mas as políticas devem assentar em modelos alternativos aos que Portugal tem vigor.

“Nós, pessoas nos 50, percebemos que vamos viver viver mais tempo. Há pessoas que não se prepararam. Temos que mudar a forma de funcionar. Há modelos obsoletos. Trabalhamos de forma intensa em determinada fase da nossa vida e depois paramos de contribuir e a sociedade não quer que contribuam. Não seríamos mais felizes a trabalhar parcialmente na fase de vida ativa e a trabalhar mais anos e, por isso, ter uma reforma a tempos parcial? O fosse entre gerações atenuava-se por certo”, advoga esta especialista que tem estado em foco pelo debate sobre envelhecimento da população e desertificação do interior.

As declarações de Maria João Valente Rosa foram registadas, ontem, no arranque do ciclo de encontros sobre educação e o futuro do país numa iniciativa de associações de pais e encarregados de educação de Aveiro. Esta especialista comentou o aumento da idade da reforma. Diz que é uma solução que não resolve os problemas de fundo.

“Acho que o aumento da idade da reforma pode ser uma medida necessária mas é um paliativo. Estamos a adiar um problema. Estamos a funcionar em termos de superfície. Aumentamos a idade da reforma, aumentamos contribuições, diminuímos pensões e andamos assim mas não estamos a ir ao problema. Daqui a 4 ou 5 anos estaremos mais envelhecidos, o desequilíbrio é maior e continuamos com o problema. Não é solução. É um paliativo momentâneo”.