Carlos Queirós é um nome portuguesíssimo. Obviamente que isto não estaria no início de uma entrevista se estivéssemos a falar de alguém nascido e criado em Portugal. Contudo, Carlos Queirós faz parte da segunda geração de uma família emigrada nos Estados Unidos da América (EUA). Cresceu a ouvir a história de que tem laços familiares que o ligam a… Eça de Queirós. Apesar disso, afirma que “se tivesse de apostar a minha vida nisso, não o faria”. A verdade é que os seus avós moravam em Verdemilho, portas-meias com os descendentes dos avós do autor de “Os Maias”, ou do “Crime do padre Amaro”.
A conversa com o Diário de Aveiro fez-se de forma descontraída num “português enferrujado”, nas palavras deste escritor luso-americano. Antes da entrevista vários avisos: “eu vou pensar bem antes de responder para organizar as palavras e responder ao que me perguntarem”; ou ainda “eu vou ser sincero, porque é assim que eu sou, mas acho muito importante o sentido de humor”.
Posto isto, podemos dizer que esta conversa foi recheada de gargalhada, perguntas de parte a parte, e deu até para o nosso entrevistado cantarolar uma música de Sérgio Godinho. O que é se há-de fazer? O melhor é irmos à conversa.
Diário de Aveiro: Tendo nascido nos EUA, para além dos laços familiares, de que forma se manteve ligado a Portugal?
Carlos Queirós: A minha primeira memória de Portugal é de quando tinha cerca de sete anos, e estive com o meu avô João e a minha avó. Depois disso, as memórias seguintes já são de quando era adolescente e vinha passar as férias de Verão com os meus tios que vivem em Espinho. Comecei a ter uma vida de Verão em Espinho e era uma maravilha. A praia, o facto de eu poder beber uma cerveja – nos EUA, com essa idade, nem pensar em beber uma cerveja (risos) – e sempre gostei muito do estilo de vida de cá.
Depois, quando fui para a Faculdade comecei a vir menos vezes, porque tinha de trabalhar no Verão. Voltei em 2011, já como escritor, para uma conferência muito agradável, em Lisboa, onde estavam outros escritores como o José Luís Peixoto, ou o Rui Zink. Nessa conferência houve o primeiro encontro de escritores luso-americanos à volta de uma mesa. Quase todos disseram que pensavam que eram os únicos que estavam a escrever sobre o facto de serem luso-americanos. Foi uma experiência incrível passar essas duas semanas em Lisboa. E eu vou parar por aqui porque não sei se estou a responder à pergunta (risos). Eu estou cansado… Jet Lag! Jet Lag! (atira como segredando ao gravador, para se justificar).
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