Há quem diga que na velhice voltamos a ser pequeninos e que havemos de ser, para os pais, os pais que eles foram para nós. Se cada um de nós se imaginar velhinho, talvez perceba porque é que tratar os velhinhos por “velhos” pode ser o resumo de um país que nem sequer sabe usar diminutivos. Lidar com a velhice de forma pacífica, construtiva e respeitosa é, nos nossos dias, cada vez mais difícil. O Núme­ro de idosos a viverem em solidão é cada vez maior e o mais grave é que grande parte deles têm filhos e netos e, muitos deles a pouca distância.
Sós, carentes, tristes, mergulham numa forma de viver lon­ge de todos, enroscados nos pensamentos e nas memórias, desconfiados. Foi a pensar nes­ta população que nasceu a Associação Coração Amarelo – Aveiro, criada em 2012 e baseada no voluntariado daqueles que querem levar companhia e amizade a quem mais precisa. Tendo em conta as estatísticas e os números das forças policiais, era suposto que o Coração Amarelo brilhasse para muitos solitários e lhes aquecesse os dias. Mas não é isso que tem vindo a acontecer. Contra o que era de esperar, a associação em Aveiro conta com cer­ca de 30 voluntários, com idades entre os 20 e os 50 anos, profissionais nas mais variadas áreas, mas um número bem menor de utentes.