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01-04-2003

António Simões na Mealhada


Mealhada

Numa iniciativa da Escola Profissional Vasconcellos Lebre António Simões, director geral da Benfica SAD esteve na Mealhada Manuel Zappa Na sequência do ciclo de palestras, levadas a efeito pela Escola Profissional Vasconcellos Lebre (EPVL), da Mealhada, António Simões, director geral da Benfica SAD, esteve presente no Auditório daquela escola, no passado dia 24 de Abril, a fim de falar do seu passado como futebolista, presente e futuro do seu clube e do futebol português. Uma lição de vida. Foi deste modo que José Manuel Portugal, jornalista da SIC, que moderou o debate para uma plateia repleta de jovens, classificou esta grande iniciativa da EPVL e do seu director, João Pega. Por motivos profissionais, António Simões chegou à Mealhada com um ligeiro atraso, que seria aproveitado para José Manuel Portugal, Coordenador de Informação para a Região Centro da SIC e também professor de jornalismo, elucidar todos os presentes do mundo da magia que constitui nos dias de hoje a televisão e daquilo que todos nós ouvimos e vemos através da caixa mágica. O jornalista lembrou que “vivemos na civilização da imagem”, não deixando, por outro lado, de aflorar uma certa “ditadura das audiências”, como por exemplo aconteceu com o funeral da Princesa Diana, tudo por causa dos interesses televisivos e, sobretudo, das audiências. José Manuel Portugal também não deixou de deixar uma mensagem a todos os jovens alunos, presentes no Auditório da EPVL: “Vocês devem ver televisão, mas devem fazer as vossas escolhas. Noventa e oito por cento da informação chega-vos através da televisão e sou defensor de que devia haver uma disciplina para os média/escola”. A VIOLÊNCIA VERBAL DOS DIRIGENTES António Simões, nas décadas de 60, 70 e 80, foi um jogador de eleição, não só ao serviço do seu clube do coração, o Benfica, mas também da Selecção Nacional. Quando, aos 15 anos, iniciou a sua prática desportiva, pensou ser sempre igual a si próprio, embora tenha tido como grande ídolo Albano, do Sporting. Hoje, segundo transmitiu aos jovens, as referências não são essas e os jovens seguem outros exemplos, estando na primeira linha de pensamento Luís Figo e outras vedetas da moda. Simões contou que, no seu tempo de estudante, sentia alguma vocação para a matemática: “Quem sabe se não fosse jogador de futebol, não dava um bom professor de matemática”, questionou-se a si próprio. Antes de responder às questões do moderador José Manuel Portugal e também dos alunos, António Simões começou por dizer que “o futebol tem uma importância enorme na sociedade, na economia, na mentalidade das pessoas e seu comportamento. Tenho tido esse comportamento, dado que sinto que sou respeitado porque nunca entrei em excessos”. Sem perder o fio à meada, o ex-magriço disse que “o nosso povo é mais clubista do que nacionalista e daí advem o tal excesso. O futebol tem provocado que as pessoas não sejam tão boas como deviam”. Foi então que surgiu a primeira pergunta do jornalista da SIC. O que de melhor o futebol lhe deu? António Simões aflorou: “ajudou-me a crescer mais rápido do que era suposto ser no meu tempo, nos anos sessenta. Independentemente de jogar num clube grande como o Benfica, de me divertir, fiquei mais humano. Estou bem, tenho uma vida equilibrada, graças ao futebol”. Foi então que António Simões lançou algumas farpas ao modus vivendi do futebol: “As pessoas conhecidas tornam-se modelos para com a sociedade. Algumas das pessoas que estão no futebol não prestam. Aquilo que mais me incomoda é a violência verbal nos dirigentes de certos clubes. O seu comportamento ético é alterado e, por vezes, dizem-se autênticos disparates na comunicação social. O seu estatuto desaparece por completo”, opinou o director geral da Benfica SAD, acrescentando que “tenho grande esperança que esta nova geração saiba aproveitar outra forma de estar e consiga alterar a situação actual”. BENFICA RECUPEROU A CREDIBILIDADE Da plateia saltaram as primeiras perguntas dos alunos. Se Jankauskas e Simão iriam continuar; a falta de um Tribunal Desportivo e Vale e Azevedo. Sobre a primeira pergunta, António Simões garantiu que o Benfica estava a fazer um esforço enorme para manter a estrutura da equipa: “O nosso grande objectivo é assegurar o núcleo duro, que seja o suporte da continuidade, porque o Benfica não pode continuar a ser um entreposto de jogadores. Actualmente, o clube tem dirigentes à altura e recuperou a sua credibilidade”. Sobre o Tribunal Desportivo que possa punir os árbitros em vez de frequentemente punir (Liga Profissional de Clubes) os jogadores, o dirigente encarnado adiantou que “em Portugal não se cultivam as regras, engana-se o outro. Penso que devia haver um caderno de regras éticas, mais profissional e de comportamento, assim como uma responsabilização maior do futebol português”. No que concerne a Vale e Azevedo, António Simões desde cedo e no pouco tempo de convivência com o anterior presidente, avançou que ele tinha uma grande tendência para mentir: “Quando foi condenado, foi um dia triste para a história do Benfica. Vale e Azevedo não é um bom exemplo para todos nós e também para vocês, que são jovens”. Encerrado este capítulo, José Manuel Portugal, perguntou se a mística do Benfica tem sido construída da melhor maneira, isto indo ao encontro de nos últimos anos o Benfica nada ganhar. António Simões respondeu que os grandes clubes passam por crises como a do Benfica: “Muitas das vezes o problema é de quem dirige. Mais que o sucesso é a falta de credibilidade. Neste momento, o Benfica tem gente séria à sua frente e conseguiu de novo reaver a credibilidade”. No cômputo geral, foi uma palestra bem sucedida e foi, no fundo, uma grande lição de vida para todos os jovens presentes, ficando a promessa do director da EPVL, de que outras iniciativas se seguirão. (3 Mai / 11:31)

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