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01-04-2003

Famalicão – Amadeu e o título conquistado


Famalicão

Famalicão – Amadeu e o título conquistado A simbiose juventude / experiência trouxeram o título Manuel Zappa Sem ninguém dar nada por ele, o Atlético Clube de Famalicão iniciou o campeonato da III Divisão da AFA com o firme propósito de alcançar a melhor classificação possível, sem os devaneios da subida de divisão no horizonte. Mas lá diz o provérbio popular que a bola é redonda e são onze para cada lado e, em qualquer tipo de modalidade, os objectivos podem transformar-se em realidades incontornáveis. A jogar por fora e a ver os outros a travarem uma luta feroz por um lugar ao sol, o Famalicão, em pezinhos de lã, foi ultrapassando os obstáculos que lhe foram surgindo pela frente, acabando por chegar à meta como número um da disputada terceira divisão, tendo ainda, fôlego para, nos dois jogos para saber quem era o campeão, forças para ser superior ao seu homólogo da zona Norte. Uma carreira a todos os níveis notável, que, entre outros, teve como artífice Amadeu, que acumulou as funções de jogador/treinador. Os três treinos por semana Com o título de campeão na mão e o dever cumprido naquela que foi a sua primeira missão como treinador, depois de toda a sua carreira como jogador tendo passado inclusivamente pelo Anadia, Amadeu falou abertamente da campanha do seu Famalicão. -Os objectivos traçados no início da época visavam realizar um campeonato sem sobressaltos. Como foi possível a subida e mais do que isso o título distrital? -Inicialmente a aposta era fazer o melhor possível, mas com o trabalho realizado durante a semana e os meses em que durou o campeonato, os nossos objectivos foram em parte alterados. No início da época, estava tudo planificado para o grupo de trabalho realizar dois treinos por semana, a exemplo do que os nossos adversários faziam, mas, através de grande espírito de sacrifício de todos, foi possível fazer três treinos, o que, no final, veio dar os seus frutos. Por outro lado, consegui reunir alguns jogadores que jogaram noutros tempos no Anadia, que trouxeram grande experiência ao restante grupo, todo ele formado por gente nova. Os treinos, a experiência, a assiduidade aos treinos e o valor dos jogadores foram marcos importantes para a subida de divisão. -Acha que a vantagem de jogar por fora foi importante, dado que nunca assumiram a subida? -Nós tínhamos conhecimento de que havia equipas que se tinham reforçado bem, até ao nível financeiro, com prémios e ordenados, e que apostaram na subida, casos do Antes, Vista Alegre e Couvelha, ao contrário dos jogadores do Famalicão, que não recebem um tostão, apenas o jantar no final dos jogos. Estas três equipas é que tinham, à partida, todas as condições para subir. Todavia, quando lhe começámos a fazer sombra incuti aos meus jogadores que tinham capacidade para ombrear com qualquer adversário e todas as condições para vencer em qualquer campo. Cada jogo para nós foi encarado como se de uma final se tratasse. -Quando é que começaram a acreditar na subida? -A partir do momento em que defrontámos os candidatos, mais ou menos a meio da época. Todos, em conjunto, começámos a apercebermo-nos de que o nosso plantel estava recheado de valores, cuja média de idades era de 20/21 anos e os tais elementos mais (3/4) experientes, entre os 30 e 34 anos, que com esta mistura entre jovens e mais veteranos, com um fio de jogo adequado, tínhamos capacidade para lutar pela subida. O final feliz que o clube teve é o grande exemplo do trabalho realizado. -E o primeiro lugar... -A 4/5 jornadas do final do campeonato, também passou a fazer parte do nosso vocabulário. Antes de qualquer jogo, as minhas palestras foram sempre nesse sentido. Todos, sem excepção, assimilaram as minhas ideias. -Por último, o título... -Tinha informações de que o Caldas de São Jorge possuía uma equipa muito forte entre sectores, mas esquematizei a minha de forma a bloquear esses mesmos pontos fortes. Contudo, com o decorrer do jogo, pouco mais de 15 minutos, senti que não eram tão fortes assim e, na segunda parte, veio ao de cima a nossa preparação física e ganhámos. No segundo jogo, não alterei muito a fisionomia de jogo, joguei com os mesmos avançados, pois tinha a noção de que nada tinha a perder. Foi um jogo de muita pressão, sobretudo por banda dos sócios locais, mas conseguimos com a nossa experiência superar tudo isso. Futuro por decidir -Foi difícil conciliar as duas funções? -Para a primeira experiência como treinador foi difícil. No banco vêem-se alguns erros tácticos e de posição, que dentro do campo há outra noção, como a preocupação de construir jogo. Os sócios habituaram-se a que, com a minha entrada em campo, eu resolvia. Aconteceu algumas vezes dada a minha experiência, mas o Amadeu não é nenhum milagreiro. -Agora vem aí uma nova divisão! -Penso que o futuro está assegurado. Com mais quatro reforços, um para cada sector, é a equipa ideal para garantir a manutenção, sempre com a tal experiência pelo meio. -Com o Amadeu? -Ainda não decidi. Terei de pensar bem em família. Há três semanas nasceu uma filha, tenho outra com nove anos e, dada a minha vida profissional, terei de ponderar em família muito bem o futuro. Não quero assumir uma coisa para depois não lhe dar o devido tratamento. Uma das coisas que já me chegaram aos ouvidos foi que a maior parte dos jogadores saía se eu não continuasse. Aquilo que lhes quero dizer é que quer o Amadeu continue ou não, o clube e a direcção merecem que eles fiquem. Caso eu não continue, fica a promessa que estarei sempre na rectaguarda. (7 Jun / 11:48)

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