Diário de Aveiro: O que o levou a ter sempre como propósito de vida servir a sociedade, sendo certo que a cómoda situação económica lhe tenha proporcionado uma grande estabilidade?
Comendador Almeida Roque: A vida humana é, em grande parte, o corolário de quatro vocábulos: Surpresa, acaso, azar ou sorte… e a mim calhou-me, superiormente, a sorte, mas o contrário também.
Nasci com algum conforto, mas, com a crise de 1928, que bateu à porta da minha família, veio a sorte segredar-me que eu estava fadado para triunfar, porque era portador de singular personalidade, mas, também, da humildade que é indispensável companheira da vitória.
Fale-nos um pouco da ideia, prestes a concretizar-se, de criar uma Escola Profissional na Bairrada.
Quando resolvi, em 1945, depois de dez anos de empresário comercial, lançar a minha primeira indústria (fábrica de rolhas de cortiça), comecei logo a entender o valor do profissional que sabe fazer com perfeição os produtos de que a sociedade depende para viver.
Esta minha luta da escola (como muitas outras) começou nesse tempo e durou até 2013, porque os cidadãos, normalmente, não estão preparados para compreender a antecipação do tempo, razão pela qual, ao longo dos séculos, conduziu muitas vezes ao patíbulo da morte aqueles que praticaram esse “hediondo” crime, como Newton, o primeiro a descobrir o movimento da Terra. E, por estas razões, foram necessárias tantas dezenas de anos de constante luta, para fazer triunfar um objectivo que, para mim, constituía uma das mais graves lacunas da economia portuguesa.
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