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01-04-2003

O colectivo é que alcançou o êxito


Sangalhos

Após o título – Emanuel Seco na primeira pessoa O colectivo é que alcançou o êxito Manuel Zappa Pelo seu passado e por aquilo que tem feito em prol do basquetebol, Emanuel Seco dispensa apresentações. É um treinador metódico, com grande personalidade, excelente condutor de homens; humilde, não embandeira em arco ao sabor do sucesso. Foi com esta radiografia que se apresentou ao longo da época e, mesmo conseguindo um dos feitos mais mediáticos e históricos para o clube onde deu os primeiros passos como treinador, em nada lhe alterou a sua forte personalidade. Os campeões são assim mesmo. Directo e simples, Emanuel Seco passou em revista toda uma época de sucesso, de um treinador que sempre acreditou na equipa, no apoio que lhe foi concedido pela rectaguarda directiva, no apoio dos sangalhanenses e na sua capacidade de liderança. Para ele, o colectivo é que alcançou o êxito em mais uma prova em que os louros devem ser distribuídos por todos e não apenas por só uma pessoa. Nos momentos de glória há quem assim não pense, mas a sua atitude mental, leva-o a fazer este tipo de afirmações. Como o sonho de um dia ver o clube regressar à Liga Profissional, quando o Sangalhos reunir as condições necessárias para competir com os maiores do basquetebol, é bonito ver um treinador, mais do que a olhar para o seu umbigo, pensar nas estruturas que o clube possui actualmente, ele que irá continuar a abraçar este projecto com o mesmo pensamento da época, agora finda: defender o título de campeão nacional, tão brilhantemente alcançado esta temporada. O PRIMEIRO LUGAR FOI ALCANÇADO DE FORMA CLARA E INEQUÍVOCA -O Sangalhos tinha como objectivo fundamental para esta época manter-se na I Divisão e chegar o mais longe possível nos «Play-Off’s». Tudo isto foi superado com a conquista do título. Onde residiu o segredo? -Na constituição do grupo de trabalho, bem como numa postura profissional e humilde bastante determinada de todos os elementos. Não posso deixar de referir o apoio do público e, não querendo melindrar quem quer que seja, quero manifestar publicamente o meu abraço à claque que nos apoiou desde o primeiro jogo, sendo muitas vezes o 6º. Jogador que, não convertendo pontos ou defendendo a nossa tabela, motivou e levou ao rubro a mente e a capacidade de luta e espírito de sacrifício dos atletas dentro do campo. -No início da época, aflorou que o campeonato iria ser extremamente equilibrado e competitivo. Excepção à parte final da fase regular, o Sangalhos passeou praticamente a sua classe. Concorda? -De facto, conseguimos alcançar o primeiro lugar de uma forma clara e inequívoca, superando as dificuldades que foram aparecendo, jogo a jogo. Independentemente disso, nem sempre todos os jogos foram fáceis, tendo havido vários em que vencemos por margens bastante pequenas verificando-se assim o equilíbrio que referi antes do Campeonato. Sempre preparámos jogo a jogo, nunca nos preocupando com a diferença pontual que fomos criando em relação ao segundo classificado. -A equipa técnica não mexeu muito na estrutura da equipa, sendo ainda reforçada com dois norte-americanos. Caso não os tivesse contratado, ou na melhor das hipóteses apenas um, acha que era possível fazer o campeonato que fez? -Naturalmente que a possibilidade de ter mais um jogador norte-americano melhorou a qualidade do grupo, tornando-nos mais fortes, mas o colectivo é que alcançou o êxito! Para além disso, pudemos jogar de igual para igual com as outras equipas que tinham dois estrangeiros. Não é fácil adivinhar se, porventura só tivéssemos um americano, conseguiríamos jogar ao mesmo nível,... concerteza que o modelo de jogo seria outro. - A simbiose foi perfeita, mas podia ser um pau de dois bicos num eventual rendimento do grupo de trabalho... -Os atletas souberam interpretar o que se pretendia e acreditaram na honestidade nos directores e o resultado está à vista. -Pensa que foi benéfica a troca em Dezembro de norte-americano – Frank Brown por Arthur Faulkner -Frank Brown só foi trocado pelo facto de não pretender regressar a Portugal por motivos familiares. Ou seja, não se pretendia qualquer troca, até porque não estava previsto no orçamento da época. Aliás, só foi possível a vinda do Arthur Faulkner, pelo facto de ser amigo do Gerald e este ter concordado em baixar o seu subsídio para compensar o encargo com essa troca! O Arthur levou algum tempo a integrar-se na equipa até porque veio substituir um jogador que era muito querido por todos pela sua postura dentro e fora do campo. Aliás confesso que foi dos americanos que mais me impressionou socialmente revelando uma postura e educação invejáveis. -Relativamente ao apoio ao nível dos dirigentes e de todos aqueles que rodearam a equipa de perto, satisfeito? -Os resultados falam por si. Para se ser campeão, não basta ter bons atletas, mas também estabilidade e condições de trabalho. E aí o apoio dos dirigentes foi incansável e de uma forma honesta. “A LIGA? O SANGALHOS TOMOU A DECISÃO CERTA PARA O MOMENTO” -Acha que a chave para discutir o título foi a partir do momento em que a equipa ultrapassou a Universidade dos Açores, clube que se apetrechou para atacar a subida de divisão? -Esse foi um dos passos em frente para podermos estar na final do Campeonato. A Universidade dos Açores tinha uma equipa bastante forte e investiu bastante para ganhar o título nacional, mas as equipas para serem consistentes levam o seu tempo e trabalho e, apesar de, individualmente, a Universidade dos Açores ser muito forte, o Sangalhos demonstrou ser mais equipa e conseguiu surpreender tudo e todos, inclusive a comunicação social que, perante os nomes sonantes do adversário, já suspeitaria da nossa capacidade. Mas nós demonstrámos ter uma atitude mental muito forte! -Depois da derrota surpresa em casa, com o B. Guimarães, acreditou sempre que era possível o título ficar em Sangalhos? -Sempre acreditei na equipa e, conforme referi anteriormente, já tinham aparecido, ao longo do campeonato, algumas dificuldades e sempre tivemos uma resposta positiva, apesar de que, e sem querer colocar o valor do Guimarães em causa, nós tivemos alguma culpa por essa derrota, pois tivemos todas as hipóteses de vencer o jogo, mas Play Off’s são Play Off’s! -O que se passou com João Seiça, que foi dispensado dos dois jogos finais, foi por problemas disciplinares ou por opção técnica? -O João Seiça foi um elemento importante para a equipa, não só esta época, como na época passada, tendo dado o seu contributo de acordo com o esperado de um atleta com o seu nível e não quereria dizer mais que isto. -Com raras excepções, sói dizer-se que santos ao pé da porta não fazem milagres. O que sente um treinador depois deste feito histórico? -Sinto-me com um grande orgulho, porque foi no Sangalhos que iniciei os primeiros passos como treinador e o Sangalhos merecia este título há muito tempo, pelo empenho e dedicação de todos os seus dirigentes que, ao longo de 62 anos de existência do Clube, viveram algumas tristezas aquando das finais em que participaram. Nunca esquecerei a recepção que o povo de Sangalhos nos fez, foi indescritível! (13 Jun / 16:20)

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