As eleições entre Rocha Galante e Ribau Esteves para a liderança do PSD, em Ílhavo, em 1996, foi o momento de viragem na política concelhia que consolidou o PSD à escala local com a chegada de Ribau Esteves à liderança da concelhia.
Antigos autarcas e rivais na luta pela liderança Rocha Galante e Ribau Esteves admitem que foi a luta mais dura de que há memória no PSD em Ílhavo.
No encontro que assinalou os 40 anos do partido, Rui Dias, o atual presidente, admite que a conversa da passada sexta-feira mostra a maturidade do partido e a pacificação.
“Este percurso é feito com elegância e dignidade. O essencial desta noite está na forma sem complexos como olhamos para o grande cisma do partido na eleição de 1996. Houve um tempo antes de 96 e um tempo depois. Ambos foram valiosíssimos. As feridas estão saradas e o partido constrói-se nessa diversidade”.
Ribau Esteves fala de uma disputa interna acesa e que viria a marcar uma viragem no cenário político ilhavense. “Com a maior elevação política. Violência no sentido da intensidade. Era um a um. Aquilo era uma coisa brutal. Foi um momento bonito. Não era assumido mas havia o sentimento que estávamos a fazer as eleições primárias à Câmara que seriam ano e meio depois. Dentro de nós era encarado como as primárias”.
O atual autarca de Aveiro, militante do PSD em Ílhavo, deixou como nota de futuro a importância de não serem copiados modelos. “Não copiem nada do que fizemos porque dá asneira. A base de operações e a realidade é distinta. É preciso abordagens diferentes. Mas nos valores de seriedade, profundidade e solidariedade aí devemos seguir o caminho de lutar pelas causas boas”.
Rocha Galante, presidente da câmara antes da chegada de Humberto Rocha (PS) ao poder recordou tempo em que a governação era um exercício de equilíbrios com CDS-PP e PCP. “Muitas vezes ir para uma reunião era a coisa mais difícil. Muitos projetos e muitos erros cometidos resultaram desse exercício”.
Os 40 anos do PSD mereceram de António Topa, atual presidente da Assembleia Distrital do PSD, elogio à forma como o Partido tem sabido construir a sua história. E nem mesmo a situação difícil do país arrefece o otimismo de Topa que defende o discurso de Passos Coelho sobre a emigração. “Não estou pessimista. Acho que um jovem hoje tem mercado alargado. Os que não podem ficar vão para Inglaterra. Mas isso não é emigrar. Estamos nos Estados Unidos da Europa”.
Os 40 anos do PSD foram celebrados com a inauguração de uma exposição retrospetiva que mostra a história do poder local autárquico no pós 25 de Abril num partido que dominou o espetro político. Nas estatísticas das eleições só nunca conseguiu vencer em simultâneo. |