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10-12-2014

“Preservação da restinga é capital e indiscutível” – Ribau Esteves.


O presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro garantiu, esta quarta-feira, que o litoral aveirense será defendido sem ...

O presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro garantiu, esta quarta-feira, que o litoral aveirense será defendido sem equacionar recuos na linha de costa admitindo, no entanto, que em situações pontuais possa ser equacionada a deslocalização de pessoas.

A declaração de Ribau Esteves foi feita no encontro promovido pela Associação Industrial do Distrito de Aveiro e pela Fundição Portuguesa (FUNFRAP) que apresentou os resultados de um estudo sobre o estado da Biodiversidade na zona lagunar de Aveiro.

O autarca de Aveiro sublinhou a importância de pensar o ecossistema de forma integrada lembrando que a zona lagunar também depende das interações com o mar.

“Sabemos que o litoral aveirense tem uma das zonas mais vulneráveis de toda a costa portuguesa mas a preservação da restinga é capital e indiscutível, de Ovar até Mira. Capital para que o ecossistema que cá está dentro, mas exposto, possa integrar as estratégias de defesa. Falta definir se é com intervenções de engenharia ecológica ou engenharia civil, à moda antiga, de obra pesada, ou se é no equilíbrio das duas. Em qualquer dos casos ajudando o homem a estar na restinga porque a presença do homem é fundamental para a sua estabilização. Mas não em qualquer sítio”.

Na intervenção que manteve na sede da Associação Industrial, Ribau Esteves não ignorou o esforço da Funfrap e elogiou o trajeto feito por unidades industriais que salientam as preocupações ambientais. O presidente da Câmara de Aveiro considera mesmo que pode ser uma vantagem competitiva.

“Quando temos empresas ou universidades bem ancoradas no território essa é uma garantia muito importante para que o capital não deslocalize empresas. E hoje a deslocalização é fácil. Mas quando as operações estão bem enraizadas no território onde há condicionantes físicas e humanas isso é mais difícil e isso é uma vantagem que temos que alimentar. É um instrumento positivo para criar emprego e gerar riqueza”.

Idálio Fernandes, responsável pela Funfrap, unidade qeu deverá terminar o ano com 450 empregados, revelou contentamento pelos dados alcançados. O estudo é da responsabilidade da Funfrap ao abrigo da política do grupo na qual se integra (Fiat-Chrysler), que prevê a realização de estudos de avaliação do estado da Biodiversidade de zonas protegidas ou de elevada biodiversidade que se situem na proximidade das suas unidades industriais.

“Este estudo enquadra-se na política do grupo FIAT. As unidades em zonas sensíveis foram alvo de estudo sobre biodiversidade. A matriz criada em Turim foi aplicada em 2012 e 2103 e o estudo foi coordenado por um gabinete italiano com as universidades de Turim e Aveiro. Este estudo deixa-nos satisfeitos e com responsabilidade. Discutimos o estudo e queremos discutir os próximos passos”.

Na plateia levantaram-se vozes de associações ambientais e de cidadãos que questionam a relação entre operação industrial e sinais de degradação ambiental mas o responsável pela empresa diz que a informação é a única forma de combater esse “estigma” de muitos anos.

“Haverá desconfianças. Estou na empresa há 30 anos e conheço as opiniões que circulam. Tivemos sempre perfil discreto e nunca alimentámos a discussão sobre poluição mas centrámos atenção na melhoria do desempenho. Temos feito investimentos no processo produtivo e na área ambiental. Mudámos de instalações e comprámos com qualidade. Mudámos práticas. No interior há informação passada aos colaboradores. O ambiente é prioridade nas empresas que se prezam e querem continuar a trabalhar por muitos anos”.

O grau de exigência tem vindo a aumentar e os limites impostos fazem parte dos processos de licenciamento. “Para empresas obrigadas a licença ambiental a exigência de emissões é muito maior do que para quem não tem essa obrigação”.

Em representação do Instituto do Ambiente, Carlos Borrego assumiu que este estudo pode servir de exemplo para um esforço que tem que ser assumido em diferentes domínios. “Aqui começamos a ter mudança de mentalidade com exemplos. Qualquer empresa pode contribuir. Mas há instituições com a mesma responsabilidade como as autarquias, associações empresariais e escolas. A biodiversidade tem andado arredia do dia-a-dia das componentes técnicas”.


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