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01-04-2003

Dentro das expectativas


Barroca

ARC Barroca na Corunha Dentro das expectativas Manuel Zappa Pelo quarto ano consecutivo, a Associação Recreativa e Cultural da Barroca, participou, no início do presente mês, no XI Troféu Internacional de Futebol Cidade da Corunha (Espanha), evento uma vez mais organizado pelo Orillamar SD e que teve como palco o magnífico Complexo Desportivo da Torre, paredes meias com a Torre de Hércules, um dos pontos obrigatórios a ser visitado. Ao contrário do ano passado, o prestigiado torneio galego contou com a presença de mais duas equipas portuguesas, o Boavista e Sporting de Braga, que acabou por ser o grande vencedor da prova rainha, ao derrotar na final o Victoria, após o recurso aos pontapés da marca de grande penalidade. Para além das equipas lusas, estiveram presentes mais vinte e dois clubes, provenientes da Galiza, na sua maioria, Barcelona, Sevilha, Logroño, Murcia, Tenerife e Venezuela, num total de 48 equipas. O Barroca, que fez deslocar a sua equipa de Infantis, com jogadores de primeiro ano, ficou integrado no Grupo B, juntamente com o Orillamar - vencedor do grupo - Galicia Gaiteira, ambos da Corunha e AL Hurtado de Caracas – Venezuela, classificado-se no terceiro lugar, mas discutindo até ao último segundo a passagem a fase seguinte. O mau tempo e a falta de entrosamento A comitiva da Barroca levou até à Galiza a boa disposição, respeitabilidade e humildade, entre outras coisas, princípios em que nós, portugueses, somos peritos, quiçá uma grande vontade de participar num torneio que merece todo o destaque e respeito, não só de quem o organiza, como também pela envolvência que os corunheses têm pelo mesmo. Um torneio que já fez saltar para a ribalta do futebol espanhol grandes nomes bem conhecidos dos adeptos portugueses, tais como Guti, do Real Madrid, Xavi e Gabri, do Barcelona, Luís Garcia, do Valladolid, entre outros e, a exemplo do que tem acontecido nos últimos dez anos, a organização homenageia uma figura do futebol de nuestros hermanos. Desta vez, foi Manuel Granda, que foi jogador do Fabril, Deportivo da Corunha, Vivero, Español, Sporting Ciudad e Orillamar e um dos grandes impulsionadores do futebol galego, tendo durante vinte e dois anos sido vice presidente do Orillamar. Todos os predicados acima referidos foram notados por todos os sítios em que a comitiva do Barroca esteve envolvida. Não só a nível desportivo, apesar dos resultados terem ficado um pouco aquém das expectativas (já lá iremos), como no aspecto social, onde o clube, sediado na Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, voltou a marcar pontos por tratar-se de um dos clubes mais antigos presentes no torneio herculiano. A nossa chegada à Corunha foi marcada por um clima nada favorável. É conhecida a inconstância climatérica na região da Galiza. Ora faz chuva, vento e algum frio, sobretudo na zona da monumental marginal, ora faz sol, o que não foi nada benéfico para quem aproveitou a semana para gozar umas merecidas férias, ou para quem tinha como missão a vertente desportiva. Neste aspecto, quem ficou a perder foi o torneio propriamente dito, o que condicionou a realização de alguns jogos e a perda de público. Este ano o ponto de encontro da maioria das comitivas centralizou-se, passe a publicidade, na Residencial Rialta, o que tornou ainda mais forte o convívio e outro tipo de amizades. “Em nada fomos inferiores” Falemos então dos aspectos desportivos. O Barroca entrou em cena um dia depois da sua chegada, tendo medido forças com o Galicia Gaiteira. Um jogo em que os portugueses controlaram a maior parte do tempo, mas, em dois lances de contra-ataque, os espanhóis acabaram por marcar dois golos e resolver a questão a seu favor, embora tivesse ficado a sensação de que era possível suplantar o adversário. Seguiram-se, na segunda jornada, os venezuelanos AL Hurtado. Os jovens do Barroca entraram no jogo determinados a rectificar aquilo que esteve menos bem no jogo anterior e, vai daí, puxaram dos galões e golearam, por 6-0, com golos de Luís, Nuno, Tiago, António, Júlio e Jorge, aguçando o apetite para o derradeiro encontro da fase inicial. O Orillamar era um opositor de respeito, clube que no ano passado tinha eliminado os aveirenses nas meias finais. A esperança era alguma, mas as falhas de marcação do meio campo para trás, permitiram aos organizadores do torneio uma vitória (4-0) folgada. Todavia, os números finais não espelham a verdade do jogo, dado que dois golos foram obtidos em posição irregular de fora-de-jogo e um penalty deixou-nos muitas dúvidas. Coincidências ou talvez não, foi o facto de todos os jogos serem arbitrados apenas por um só árbitro! Mas não foi só. Habituado nos nossos campeonatos distritais a jogar no escalão de Infantis apenas com sete jogadores, o Barroca teve que num curtíssimo espaço de tempo ambientar-se a uma nova realidade, o futebol de onze, para o qual os seus jogadores sentiram inúmeras dificuldades de entrosamento bem visíveis nos jogos efectuados. Uma tese testemunhada pelo treinador João Ramiro Alves: “Foi muito difícil de um momento para o outro fazer uma equipa e entrosá-la para competir no futebol de onze, uma realidade a que os meus jogadores tiveram dificuldade em assimilar”. Mesmo assim, o técnico do Barroca considerou que “em nada fomos inferiores em termos individuais às outras equipas. Os nossos adversários valeram apenas pelo colectivo, pois tínhamos valor ao nível das outras equipas”. João Ramiro Alves, por último, queixou-se da organização: “Este ano, senti-me um pouco defraudado pelo facto de haver só um árbitro. Em certa medida, a verdade do jogo em termos de resultado não foi a mesma se existisse uma equipa de arbitragem completa”. Registámos a sua opinião, estamos de acordo com ela, mas nos onze anos de torneio esta tem sido a prática neste escalão. Outras mentalidades. “O futebol é uma fábrica de amigos” É da praxe que a meio e na última noite do torneio, todas as comitivas sejam recebidas no Ayuntamiento de A Coruña (Câmara Municipal), mesmo no centro de um dos maiores ex-libris da cidade, a Praça Maria Pita, e o jantar de encerramento. A primeira cerimónia contou com a presença de Carlos González-Garcés, segundo Alcaide (Vice-Presidente) do Ayuntamiento, Manuel Ríos Quintanilla, presidente do Orillamar e do Comité Organizador, Javier Ranz, relações públicas do mesmo clube, entre outras personalidades. Do Barroca, estiveram presentes Manuel Neto, Armando Mendes, Helena Oliveira e os atletas, Ricardo e António. Para o autarca, o Torneio Internacional de Futebol Cidade da Corunha é um dos acontecimentos mais importantes do desporto da cidade galega, enquanto Manuel Ríos, mais conhecido por Manolete, frisou que a finalidade do torneio é fomentar a amizade entre as diversas comitivas que estiveram presentes neste grande acontecimento desportivo. Uma comunhão de ideias que foi amplamente alcançada. Nesta cerimónia, para além do S. Gabriel de Barcelona, Logroño, Braga e Boavista, o Barroca ofereceu duas lembranças, que marcaram profundamente as entidades presentes. Na outra cerimónia, onde foi feita a justa homenagem a Manuel Granda, estiveram presentes dois ídolos do futebol galego, Óscar Merín e Arsénio Iglésias, o primeiro foi homenageado no ano passado, os dirigentes de todas as comitivas, com realce para os portugueses. Por banda do Barroca estiveram Manuel Neto e José Marques. Cada um entregou uma lembrança ao Orillamar e a Manuel Granda, Manuel Teixeira, Joaquim Alberto, pelo Braga e Rui Alberto e Moinhos, pelo Boavista. Do mais importante que retivemos dos vários oradores, destaque para as declarações de Manuel Granda. Depois de recordar todo o seu passado como jogador, a certa altura, disse que “o futebol é uma fábrica de amigos”, não deixando de realçar a grande qualidade humana do povo português. Bonito, sem dúvida alguma. (24 Jul / 8:52)

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