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01-04-2003

Moliço vendido em euros


Vagos

Vagos Moliço vendido em euros pela primeira vez O Grupo Folclórico de Santo António de Vagos levou a cabo, no passado dia 11 de Agosto (domingo), o seu XVIII Festival de Folclore, através do qual reviveu a faina do moliço. Um evento que contou com a presença de várias individualidades, entre as quais, Rui Cruz, presidente da Câmara Municipal de Vagos, que, ainda que numa breve intervenção, sublinhou a importância desta iniciativa que, de ano para ano, atrai mais curiosos e turistas a Vagos. Presentes ainda neste evento, os representantes do Governo Civil de Aveiro, da Rota da Luz, da Federação de Folclore, deixando todos eles bem claro a importância e o significado de uma iniciativa que é única a nível nacional e que, este ano, contou com a presença de cinco grupos folclóricos, um deles espanho, envolvendo a actuação dos grupos mais de 400 pessoas. Com um orçamento que rondou os 1300 contos (6.484,37 Euros), o reviver da faina do moliço não só permitiu lembrar o modus vivendi do povo desta região, assim como alertar as entidades competentes para a necessidade de preservar a ria de Aveiro. “Moliço Gordinho!” apregoava o ti Firmino, possivelmente, o último dos apanhadores de moliço a descarregar no antigo cais das Folsas Novas, em Vagos. Desta feita, só para “turista ver”, a barcada de moliço foi leiloada e arrematada em euros, pela primeira vez. Inserido no Festival de Folclore “Moliceiro 2002”, organizado pelo Rancho de Santo António de Vagos, o tradicional leilão do moliço é, sempre, um dos momentos que mais atrai a atenção de curiosos e turistas. Ao desfile da dezena de barcos que, ontem, povoaram as águas do Rio Boco, carregados com os cinco grupos folclóricos, seguiu-se o decarregar da “barcada”, unidade de medição do moliço, que beneficiou de honras de carro de bois à espera, segurada à soga por mulher gandaresa trajada a rigor. Manuel Domingues repetiu a façanha de 2001 e adjudicou a carrada de moliço por 105 euros. Durante décadas, o moliço foi considerado uma preciosidade para os lavradores de Vagos, Mira ou Cantanhede, obrigados a aprender a simbiose entre a terra e o mar por imperativo de sobrevivência. Às custas da alga da Ria, as gentes inseminaram os campos de vida, edificaram cais, construíram embarcações, inventaram circuitos comerciais já esquecidos. E há ainda quem lembre dos tempos em que os moliceiros acompanhavam mercantéis e saleiros na azáfama navegadora de uma ria que inspirava vida em toda a região. Ai que saudades! Rui Grave (13 Ago / 10:50)

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